O Bloco de Esquerda (BE) acusa o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, de não ter “cumprido a sua palavra” e de ceder “às pressões da agricultura intensiva, aceitando baixar a cota mínima de exploração na albufeira de Santa Clara para garantir a rega das grandes explorações”.
A posição bloquista, subscrita pela sua Concelhia de Odemira, pela Coordenadora Distrital de Beja e pelos seus candidatos por Beja nas Legislativas deste ano, tem por base a posição assumida, na passada semana, pela governante, após uma reunião em Odemira.
Segundo comunicado do BE enviado ao “CA”, “em menos de um ano”, o Pacto para a Gestão Sustentável da Água no Concelho de Odemira “já foi violado, mostrando que a população do concelho de Odemira não pode acreditar na palavra dos governantes PS, que, pressionados pelos interesses do agronegócio, não hesitarão em ir além dos limites estabelecidos”.
Na nota, os bloquistas argumentam que o território fica ameaçado “por um futuro incerto”, acusando a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de, “num golpe palaciano”, ter destituído a direção “democraticamente eleita” da Associação de Beneficiários do Mira (ABMira), “substituindo-a por alguns dos maiores predadores do consumo de água, os senhores da agricultura intensiva, em particular das vastas extensões de estufas de frutos vermelhos”.
“Foi, como se diz, colocar a raposa a guardar o galinheiro”, acrescenta o BE.
Os bloquistas afirmam ainda que não se pode “permitir que a agricultura intensiva esgote a água até à última gota [em Santa Clara] e depois faça malas e parta para outros destinos, como se nada fosse, deixando as populações sem água para beber”.
Por isso, continua, o BE “manifesta o seu profundo descontentamento pelas decisões tomadas pelo Governo PS e insiste em que o bem-estar dos odemirenses tem de estar primeiro que os lucros do agronegócio”.
