UF Castro e Casével: “Houve investimentos que não teríamos feito”

UF Castro e Casével:

Dois meses após tomar posse, o primeiro socialista eleito para liderar a União de Freguesias de Castro Verde e Casével garante ter encontrado o que esperava na edilidade. Ainda assim, António José Paulino critica algumas das opções do anterior executivo da CDU. Houve “alguns investimentos que, se fossemos nós a decidi-los, se calhar não teriam sido feitos ou teriam sido feitos de outra forma”, diz em entrevista ao “CA”.

É o primeiro socialista a liderar a União das Freguesias de Castro Verde e Casével (UFCVC). Que representa isso para si?
Em primeiro lugar, foi uma enorme satisfação poder finalmente dar o meu contributo de forma efectiva ao meu concelho e, neste caso, à minha freguesia. Já participei em diversos processos eleitorais, fui eleito três vezes como vereador sempre na oposição e agora foi-me dada a possibilidade de dirigir os destinos da minha freguesia. É com muita satisfação e honra que aqui me encontro a trabalhar com a minha equipa, no sentido de melhorar as condições de uma freguesia que é urbana e rural.

Como têm sido estes primeiros dois meses de trabalho?
Já fazia parte da Assembleia de Freguesia anterior, de certa maneira já vinha a acompanhar o que estava a ser feito…

Encontrou o que esperava?
Sim! Ainda que tenha havido alguns investimentos que, se fossemos nós a decidi-los, se calhar não teriam sido feitos ou teriam sido feitos de outra forma. Mas em termos de organização, de questões económicas e financeiras, posso dizer que sabia ao que vinha.

A que investimentos se refere?
Aqui perto, na rua de Mértola, temos o casão que foi transformado em espaço multiusos e, ao mesmo tempo, em arquivo para a UFCVC. Parece-me que em termos de multiusos é muito deficiente, é um espaço muito reduzido e não dá para grandes eventos. Foi um investimento de 200 e tal mil euros. O outro investimento foi a aquisição, já perto das eleições, do anterior cinema [na rua Campo d’Ourique]. Das vezes em que foi abordado o assunto – e foram poucas – nunca fui entusiasta da compra, no valor de 180 mil euros. Votámos contra e o tempo veio dar-nos razão, porque o estado em que o edifício se encontra carece de uma intervenção bastante significativa, o que faz com que o investimento a fazer ali ronde as centenas de milhar de euros. Já sondámos as entidades responsáveis e não se vislumbra a curto-prazo qualquer possibilidade de financiamento comunitário para tal. Por isso, é um assunto que teremos de falar com o Município [de Castro Verde], para encontrarmos uma saída para aquele espaço, pois são dinheiros públicos. E quando trabalhamos com dinheiros públicos, a responsabilidade ainda é maior. Mas a Junta não ficou hipotecada pela compra, pois tinha uma situação financeira estável.

Durante a campanha sublinhou muitas vezes que iria dar mais atenção às localidades fora da sede de freguesia. Porquê?
Disse e digo! Uma União de Freguesias com uma componente mais urbana e em sede de concelho vê, muitas vezes, a sua acção confundir-se com a actividade da Câmara. Por isso afirmei em várias ocasiões que o nosso foco seria nas aldeias e nos montes. E é para aí que estamos virados.

Por ser onde essa acção é mais necessária?
É mais necessária e mais objectiva! O envelhecimento é gritante e o despovoamento de montes e aldeias é visível a todos os níveis. E essas pessoas sentem-se um bocado sós e abandonadas. Daí o nosso objectivo ser dar condições a essas pessoas para que se sintam bem, para que se sintam apoiadas.

Que mais o preocupa na freguesia?
Um aspecto que nos incomoda e que nos tem feito reflectir muito é a questão da higiene urbana. É nosso objectivo ter em cada um dos povos da nossa freguesia, pelo menos, uma pessoa para sinalizar essas questões da higiene urbana, para depois – através de um relacionamento próximo com os serviços municipais – ocorrermos depressa e rápido quando aparecem os problemas. Este terá de ser um trabalho de parceria com as associações de moradores ou as direcções dos centros culturais. Aliás, teremos sempre a porta aberta a todos os que connosco queiram trabalhar. Nesse sentido, as festas tradicionais e os momentos festivos das nossas terras terão uma resposta muito positiva da nossa parte.

Que outras áreas serão prioritárias?
Desde logo a Acção Social. Vamos trabalhar muito com as IPSS, nomeadamente o Lar Jacinto Faleiro e a Fundação Joaquim António Franco e Seus Pais. Estamos disponíveis para, em conjunto, dar força e ânimo a estas IPSS, no sentido de proporcionarem aos utentes da nossa freguesia um apoio ainda maior. A cobertura do serviço de apoio domiciliário é um aspecto em que vamos insistir, pois ainda há muita gente carenciada de quem queremos estar perto.

Vão trabalhar para que Casével volte a ser freguesia em 2021?
Não podemos desprezar a soberania histórica do povo de Casével, que já foi vila e sede de concelho. É um compromisso nosso com o povo de Casével trabalharmos afincadamente para que volte a ter a soberania que lhes foi usurpada. Foi-lhes retirada a freguesia sem que o povo se pudesse pronunciar, numa reorganização administrativa feita a régua e esquadro. E Casével ficou mais pobre! Por isso, pensamos que em 2021 já haja eleições novamente para a Freguesia de Casével. E quando isso acontecer, não podemos deixar Casével andar para trás.

Que quer dizer?
É uma questão que gostava de colocar à reflexão, no sentido de se poder fazer uma reorganização do território. A freguesia de Castro Verde sem Aivados e Estação de Ourique não perde muito, mas Casével com Aivados e Estação de Ourique se calhar ganhará muito. Isto é uma ideia minha… Mas é evidente que nada será feito contra o povo, nada será feito contra as pessoas: serão elas que dirão de sua justiça se entendem que esta é uma boa solução.

Partilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
Correio Alentejo

Artigos Relacionados

Atletas da Almovimento vencem na Maia

Os alunos das escolas de danças de salão e rítmica, de ballet e de ginástica aeróbica desportiva da associação Almovimento, de Almodôvar, estiveram em grande

Role para cima