Agora que a poeira assentou, que os comentários dos ilustres da nossa praça tiveram o destaque que os seus patrões lhe quiseram dar, que vos prognósticos feitos saíram quase na sua totalidade furados, apraz-me, como mero e humilde observador da cena política, tecer alguns considerandos sobre os resultados das eleições legislativas do passado dia 30 de Janeiro.
Para começar, uma evidência: o grande vencedor foi o Partido Socialista e o seu líder António Costa. Por mais leituras que se queiram fazer, este é um fato irrefutável. As razões deste resultado, conseguindo uma tão ambicionada como surpreendente maioria absoluta, são muitas e de diversas origens. Ao contrário do que uma excelssima sra, eleita deputada pelo PSD, diz, o povo português não se enganou! Ou então era ela a mãe do único soldado que na parada militar marchava com o passo certo enquanto todos os outros iam com o passo errado! Dizer isto é passar um atestado de estupidez aos portugueses, demonstrando que todos são um cambada de ignorantes e que ela e os seus apaniguados foram, são e serão sempre os únicos inteligentes neste país.
Da esquerda à direita, muitas foram as justificações dadas para os resultados conseguidos. Comecemos pela esquerda. Ambos os partidos, no pós eleições, acusam o PS de ter criado uma crise artificial de forma a forçar eleições. Não concordo. Mesmo discordando do orçamento apresentado, a discussão na especialidade daria a estes partidos a oportunidade de conseguir o pretendido ou perto disso e, se no final a opinião se mantivesse, aí sim, poderiam alegar intransigência por parte do governo. Assim, ao provocar as eleições, a estabilidade pretendida por todos ficou em causa e o “castigo” foram os resultados dececionantes conseguidos. De realçar principalmente a não eleição de dois parlamentares de primeira grandeza, António Filipe e João Oliveira, homens sabedores, capazes e que irão fazer falta ao emiciclo.
Da direita muito há a dizer mas vou tentar resumir em parcas palavras. Por parte do PSD, a soberba do seu líder, as guerrilhas internas, a falta de definição e a posição de cata vento, ora não queria, ora iria ponderar alianças com a extrema direita, tudo junto penalizaram a votação final.
É com alguma tristeza que assisto ao declínio (espero que temporariamente) do CDS, partido democrático, construtor da nossa democracia que, fruto da inequívoca falta de capacidade do seu líder, se arrastou rumo à perda de representação parlamentar ao fim de 47 anos.
Sobre a IL, partido citadino sem representação no interior do país, apologista das privatizações da saúde e da educação, conseguiu capitalizar a quase totalidade dos votos do CDS e de uma franja mais à direita do PSD.
Sobra a extrema direita, demagógica, com ideias extremistas e perigosas, foi buscar votos a todo o expetro político. Uns por protesto, outros por ainda acreditarem nas falácias debitadas aos gritos pelo seu líder, conseguiram eleger 12 deputados mas continuo a pensar que irá ser mais do mesmo, um partido de um homem só, em que os restantes irão apenas fazer figura de corpo presente e o que fizerem será apenas e só para lançar confusão e polémica nas sessões plenárias. Tenho muitas dúvidas de que o grupo parlamentar se consiga manter unido até ao final da legislatura.
Em suma, os portugueses quiseram deixar bem vincado quem querem que gira os destinos do país nos próximos quatro anos. E por fim deixem-me desabafar… será que seremos todos estúpidos??
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