<b>1 – </b>Chegados ao Verão, a cidade de Beja agoniza com falta de iniciativas, com falta de animação, com falta de cultura. Encerram-se algumas portas, para se abrirem as de outros espaços que, habitualmente, já estão abertos.
A autarquia não descobre a fórmula que traga as pessoas para a rua, que encaminhe as pessoas para a cidade. E, assim, renasce uma triste Anibeja, pobre de intenções, amargurada na atitude. Abandona-se o centro da urbe – a Praça da República, em tempos lugar de esplanadas e gentes – e vai-se repovoar o que já tem vida, por iniciativas particulares, como são o caso do Parque da Cidade e do Jardim do Bacalhau. As moscas continuarão a festejar-se junto à sede do poder que desgoverna esta terra, ferida de deserto e de vontades. Para o ano há mais, mas com mais cores, rubras, porque o ciclo eleitoral assim o obriga.
<b>2 – </b>Entretanto, aqui na vizinhança, há noites ao luar, há noites na nora, há gente a passear e a dizer que está viva. Há cidade – que era vila – e que mantém a tradição da cal mas com os olhos postos nas pessoas que pensam o futuro. Espectáculos à mistura com cinema, teatro, animação. Para todos os gostos, sem a preocupação de se ser sectário, sem pensar na pedagogia partidária. Escassos 20 e poucos quilómetros separam as duas cidades, mas as noites são tão longas e penosas aqui, quando ali ao nascer do sol despertam já novas vontades e novos quereres.
<b>3 – </b>A piscina de Beja sobrevive ao calvário de ter nascido onde nasceu e de ser uma afilhada não prezada por quem tinha a obrigação de a acarinhar e de lhe dar as vitaminas para que crescesse com saúde e alegria. Sujeito ao calendário de uma autarquia que só conta os dias que faltam para o próximo acto eleitoral, o Verão de Beja começa sempre mais tarde, quando em Cuba, Vidigueira e Ferreira do Alentejo (para citar os exemplos que conheço), crianças, jovens e adultos, alunos e professores, já se refrescam nos equipamentos que os respectivos Municípios cuidam para que sirvam as pessoas.
O vereador esconde-se na obra que não se vê e ele tem razão. Não se vê, não se sente, não se sabe, não se conhece. Os milhões afundam-se num tanque que, mais do que obras, precisa de ideias e de vida. Para servir as pessoas, os contribuintes, os munícipes.
<b>4 – </b>A saúde tem servido que nem ginjas para os apetites barulhentos daqueles que gravitam à volta do PCP. Tudo serve de pretexto para se criar uma comissão, uma associação, um comité. De utentes de saúde. Hoje da saúde, amanhã de uma estrada, depois de amanhã de uma outra coisa qualquer. O PCP necessita destes satélites como um faminto precisa de pão para a boca. Alimenta-se do descontentamento para poder crescer. Mas como tudo aquilo que é artificial, a verdade encarregar-se-á de recolocar estes satélites (ou marionetas) no lugar que lhes compete. Haja saúde!
<b>5 – </b>Julgo ser útil recordar o que o PCP (CDU) prometeu em 2005 para o Mercado Municipal: “<b>transformação do Mercado Municipal num espaço comercial de produtos de qualidade da nossa região, que possa competir em termos de instalações, acessibilidades, qualidade dos produtos e técnicas de comercialização, com o que de melhor existe no país</b>”. De facto, os resistentes comerciantes do Mercado, assim como todos aqueles que ainda ali se deslocam para fazer as suas compras, deverão achar que aquilo foi só promessas eleitorais, muito habituais nos políticos em tempo de campanha. È capaz de ser verdade. Só que, neste caso, reside uma enorme diferença: quem fez a promessa e não cumpriu é quem tem por hábito criticar os outros (políticos) pelo incumprimento das promessas, colocando-se assim como pertencendo a uma força política imaculada e cumpridora daquilo que promete. A realidade está à nossa frente e, por enquanto, não preciso de recordar o fosso que existe entre esta mesma realidade e tudo aquilo que o PCP prometeu aos bejenses. Com a agravante de que os comunistas dispõem de uma confortável maioria absoluta, quer na Câmara quer na Assembleia Municipal. Só se poderão queixar de si próprios e deixar, de uma vez por todas, de endossar as culpas aos outros.
<b>6 – </b>O PSD de Beja renovou o mandato de uma linha política que tem em João Paulo Ramôa o seu líder. Em Setembro é previsível que José Raul dos Santos (ou alguém por ele) passe a liderar a Distrital. Resumindo: o futuro igual ao passado e a social-democracia no distrito de Beja à espera de melhores dias e outras oportunidades. Oxalá não tardem!
<p align=’right’><b><i>(crónica igualmente publicada em
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