Verão é tempo de férias. De lazer. Despidos de roupa e de preocupações, muitos rumam ao Algarve, zona de veraneio de eleição, enquanto outros se afadigam, em cima da hora, à procura do melhor destino ou das melhores promoções para qualquer destino, para umas merecidas férias, fora de portas. Isto, apesar da crise que, dizia-se, roubaria à maioria, essa possibilidade.
Avessos ou pouco disponíveis para assumir situações que não se revelem catastróficas, grande parte dos “media” camuflam ou ignoram esta realidade, insistindo em mostrar retratos dos que não foram de férias, realidade que sempre existiu, mesmo antes da tão propalada crise. Contudo, à data em que escrevo esta crónica, um prestigiado diário escolhia como tema de reportagem as férias dos portugueses e citava declarações de um casal de turistas, recém-chegado de Punta Cana, na República Dominicana que, perante a quantidade de gente a falar português, passando férias naquele local das Caraíbas, dizia que “parecia a Costa da Caparica”!
Por mim, fico feliz e regozijo-me por a crise ter, pelo menos neste particular, menos efeitos do que os previstos. E porque todos sabemos que uma das formas de a ultrapassar é termos confiança nos diversos sectores da economia e no país, muito ajudaria se os jornalistas, cronistas, opinion-makers e demais especialistas em comunicação, da nossa praça, dedicassem mais algumas linhas a contribuir para restabelecer essa confiança em vez de gastarem toda a energia a malhar no bombo.
Verão é, também, tempo de festa. De muitas festas. E de norte a sul do país, não há terra ou terreola que se preze, que não reivindique o direito à sua festa, com música e artistas a preceito. E festa sem bombo não é festa porque o povo sempre gostou de ter em quem malhar.
E se já não pode malhar na mulher porque a violência doméstica é crime. Se não pode malhar nos filhos porque fica sob a alçada da Comissão de Protecção de Menores. Se não pode malhar no Benfica porque chegou, finalmente, à conclusão que não adianta muito… Se não pode, sequer, malhar no inimigo porque já não há guerra…
Só lhe resta, mesmo, malhar no bombo que esse, coitado, é agora pau para toda a obra e, mais rápido do que o salto duma pulga, passou, por milagre ou “encomendação”, de santo redentor e salvador da pátria a diabo, proscrito. E porque a democracia tem destas coisas, até aqueles que nunca se misturaram muito com o povo e nunca lhe apanharam os “tiques”, tomaram-lhe o gosto e é vê-los, agora, cheios de energia, a malhar no bombo. Acho, mesmo, que virou moda porque dos professores aos enfermeiros, dos magistrados aos polícias, é tudo a malhar. Apenas um pequenino pormenor, coisa insignificante, de nada – Cada um, malha para si!
E eu, que até não percebo muito destas coisas, fico a pensar porque será que os desempregados e os que têm reformas mais baixas são os que menos malham? Será porque não apreciam a festa ou porque não têm quem os ajude a malhar?
E já agora lembrava que o Verão não dura sempre e vai, como todos os anos, acabar a 21 de Setembro. E, a seguir, a festa é outra. E o pior é se lhes fica o vício de malhar no bombo, correm o risco de acabar com ele. E sem bombo não há festa. Pelo menos, para o povo!
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