Não sou bota de elástico, nem pessoa para dizer que no meu tempo é que era bom.
Reconheço mesmo, que nunca houve tempos como estes. Quase todas as pessoas que conheço têm à mão uma extensão chamada smartphone. Não, não é um telemóvel. É sim um pequeno computador que também faz chamadas telefónicas, de entre outras maneiras de nos comunicarmos com os outros e com o mundo e sem o qual parece já não sabermos viver.
Vem este intróito a propósito da revolução que estamos a viver e a mudar para sempre a nossa forma de nos relacionarmos com tudo o que nos rodeia.
No passado fim-de-semana estive no Porto. Já tinha presenciado em Lisboa e noutros locais a invasão de viajantes ocasionais que nos vêm visitar. Só que no Porto a coisa ganhou contornos de ter de me beliscar para ter a certeza que não estava a sonhar ou de ter aterrado noutro planeta com certas afinidades com a “cidade invicta”.
Na baixa portuense o enxame de turistas era de tal ordem que para encontrar um portuense ou ouvir o sotaque das gentes tripeiras só mesmo sentando-me numa esplanada e esperar que fosse atendido. E, mesmo assim, mais das vezes os empregados eram brasileiros.
Até há pouco tempo, sinónimo de turista era uma pessoa de mapa na mão tentando descortinar no emaranhado de ruas o destino da sua curiosidade. Nos dias que correm, o tal mapa foi substituído, e bem, por essa coisa chamada Google Maps, que nos leva direitinho ao nosso destino, na língua da nossa predilecção que, ainda por cima nos faz companhia debitando direcções e nomes de ruas por onde vamos passando.
Regressando à minha visita à capital do norte, tive curiosidade em revisitar a Livraria Lello. Na última vez que o fiz (há uns bons 20 anos) era uma livraria antiga, lindíssima, com uma atmosfera onde se respirava conhecimento por tudo o que era prateleira.
Nesta minha tentativa havia uma interminável fila para a ela aceder, com cerca de uma hora de espera, mesmo pagando cinco euros só para lhe pisar o tabuado, dinheiro esse descontado caso adquirisse algum livro.
Desisti e baixei ao “Majestic”. Ir ao Porto e não ir ao “Majestic” é quase crime de lesa-pátria. Aí não se pagava para entrar, mas a fila era igualmente desesperante, mesmo com o cimbalino a 3,50 euros.
Pela tarde desci ao Douro. No seu leito dezenas de embarcações faziam as delícias destes serenos invasores. Barcos apinhados de gentes felizes, vindas de outros países (lembrei-me da Pomba Branca de Vasco de Lima Couto) a partir e a chegar.
Dou por mim a pensar que esta será a maior indústria do momento em Portugal. E que ela será a responsável pelo bom momento económico que vivemos. Mas que, apesar de todas as vantagens, também acarreta brutais custos sociais, a que a especulação imobiliária não será alheia.
Isso será motivo para próxima crónica. Por agora, fico-me com esta serena invasão, que está a mudar o panorama do meu país, com os seus generosos benefícios, mas com o amargo de empurrar para longe das zonas históricas os moradores que aí nasceram.
E… bibó Puorto, carago!
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Os autarcas de Castro Verde e de Almodôvar encaram com normalidade e sem receios a venda da Somincor à sueca Boliden por parte da Lundin