Na “cidade educadora”, todos os cidadãos, todas as instituições e a realidade social, cultural ou económica que elas representam, são solidariamente responsáveis pela educação e formação de todos, jovens e adultos, na procura do conhecimento e da valorização das potencialidades locais, das referências éticas e no avanço e descoberta da racionalização das necessidades. É um conceito cada vez mais procurado nas sociedades mais abertas a novos paradigmas de desenvolvimento, não passando apenas pelas regiões do Norte da Europa, como normalmente associamos quando se fala ao aparecimento de iniciativas mais arrojadas. Encontram-se experiências à luz deste conceito no Brasil, Chile, Índia, Nigéria, Mali. Para além da Itália, Espanha, Noruega ou Finlândia. Há um quê de exigência de responsabilização pelos nossos actos e do assumir deles publicamente. É arrojado o conceito. Mas é o caminho numa sociedade democrática que reflecte, cada vez mais, a capacidade de resposta da sociedade civil perante as exigências e manigâncias da “democracia” moderna assente em lógicas mais libertinas que liberais; mais economicistas que económicas; mais judiciosas que justas. O cidadão pode e deve responder a esta globalização através da formação, seja ela encontrada na componente curricular oficial, seja na informalidade de um grupo de bairro, aldeia ou vila. É nesta trajectória que se aprende e apreende a especificidade de cada comunidade e a lógica das suas opções. É assim que se percebe onde assentam as raízes sociais e culturais de uma comunidade. É assim que não estamos dependentes de lógicas partidárias ou de espatifurdices de pretensos grupos não dependentes de outras opções que não as ditas éticas. É nesta lógica que se percebem as realidades do “desmancho” em contradição com a “interrupção voluntária do aborto”. Da criminalização das mulheres e da total desculpabilização do homem, num gesto irónico de amorfismo social. Do virar da cara quando se fala da necessidade de iniciar cedo uma educação sexual liberta de preconceitos, não só nas escolas, mas também em casa. Na necessidade de defender a mulher, descriminalizando o aborto ou a interrupção voluntária da gravidez (as nossas mães e avós diziam desmancho), em favor da formação e educação de futuros PAIS (fêmea e macho). Acredito, cada vez mais no crescimento do homem cívico, sem ter que pertencer a um clube e viver de costas viradas para o adversário. A Democracia construiu-se à sombra de um ideal de liberdade e igualdade em que a coerência e a discussão, livre de preconceitos, devem assumir o papel de timoneiros na construção de uma liberdade mais justa, mais livre, mais sabedora, mais construtiva. À porta dos 33 anos a Democracia portuguesa cresce mais um pouco, mesmo na animalidade de algumas afirmações e desplantes narrativos. Este referendo é, para além do processo de descriminalização da mulher que faz um desmancho, uma prova dos nove ao homem novo que este Portugal construiu. Até pela participação que tiveram os outros referendos. Eu vou votar. Voto “Sim”, pela descriminalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. Voto “Sim”, por todos aqueles que se deparam com a dor de ter que interromper uma gravidez. VOTO, para ajudar o processo de consolidação da Democracia, em Portugal.

GBH e Onslaught no Mira Fest em Odemira
Os britânicos GBH e Onslaught, assim como os portugueses Mata Ratos e Corpus Christii, são algumas das bandas confirmadas na edição deste ano do Mira