Perceções ou realidades?

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

Portugal caiu nove lugares no Índice de Perceção da Corrupção 2024, divulgado esta semana, e obteve o seu pior resultado de sempre, “particularmente impulsionado pela perceção de abuso de cargos públicos para benefícios privados”, em casos como a Operação Influencer.
O índice da Transparência Internacional, publicado desde 2012 e no qual Portugal está em “declínio contínuo desde 2015”, coloca Portugal na 43ª posição entre os 180 países avaliados, nove lugares abaixo da 34ª posição de 2023, com 57 pontos numa escala de zero (Estados altamente corruptos) a 100 (elevada integridade dos Estados no combate à corrupção). A par de Portugal surgem o Botswana e o Ruanda, com o nosso país a ficar melhor colocado do que parceiros europeus como Espanha e Itália.
Estes resultados evidenciam aquilo que todos nós, no dia a dia, nos vamos apercebendo nas notícias, nas conversas de café ou nos jantares de família: existe em Portugal uma cada vez maior perceção de que há mais corruptos que gente séria. E, como seria de esperar, não há populista algum (ou movimento similar) que não se aproveite desta situação…
Mas a questão que devemos colocar é bastante simples: será que esta perceção corresponde à realidade? Será mesmo que há corrupção em tudo o que é agente político ou serviço público? Parece-nos bem que não, muito pelo contrário!
Como se combate então a realidade desta perceção? Criando condições para que a justiça seja célere e incisiva a atuar e não deixe casos “a ferver em lume brando” para depois, ao fim de anos, mandar arquivar tudo. E esperando que os media nacionais não ergam alto as bandeiras do populismo e façam o que têm de fazer: informar com isenção e sem sensacionalismos. Tudo isto pode não ser a solução para acabar com esta perceção, mas ajudaria a que a realidade fosse menos tóxica…

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