Os “11 de Setembro”

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

José Carlos Albino

consultor

Todos os órgãos de comunicação social têm vindo a recordar o “11 de Setembro”, data em que em 2001 aviões comandados por activistas da Al-Qaeda destruíram as Torres Gémeas de Nova Iorque, e parte do Pentágono em Washington, e provocaram milhares de vítimas inocentes no centro da universal Nova Iorque.
Foi um acto bárbaro dos radicais islamitas, que trouxe para ponto um da agenda mundial a questão do terrorismo, como um conflito que obrigava a que novas políticas e acções contra as organizações terroristas que punham em causa a governação mundial dos chamados Estados de Direito e Estados Ditatoriais que alinham com o Xerife mundial em que se tornou os Estados Unidos da América, particularmente debaixo da batuta de George W. Bush e seus correligionários.
Tudo isto, com esta leitura ou com outras radicalmente diferentes, aconteceu e constitui um marco na história contemporânea, que tem provocado diversas novas iniciativas armadas, quer da parte das forças radicais dos islamitas por várias partes do mundo, em que actos terroristas foram perpetuando contra civis totalmente indefesos. Mas, também, houve intervenções militares de “TERRORISMO DE ESTADO” por parte dos Estados Unidos da América no Iraque, quer por parte do Estado de ISRAEL na PALESTINA e, mais recentemente, num Estado de Direito que é o LÍBANO, que foi devastadoramente destruído.
No título, se ainda se lembram, falo DOS “11 de Setembro”. Porquê? Porque a comunicação social e a “Ordem Internacional Mundial” decidiram que o 11 de Setembro de Nova Iorque apagou completamente da história contemporânea o 11 de Setembro de SANTIAGO DO CHILE, em 1973! Será que os acontecimentos de há pouco mais de 30 anos, em que na América Latina, propriamente no Chile, se verificou, pela primeira vez na história, a vitória de um Governo Socialista pela via do voto directo e livre dos cidadãos, em que foi eleito como Presidente SALVADOR ALLENDE, que foi derrubado brutalmente anos após, a 11 de Setembro de 1973, por um Golpe Militar comandado por um General Pinochet apoiado militar, logística e “cientificamente” pelos Estados Unidos da América, que causou dezenas de milhares de mortes de homens, mulheres e crianças, e fez TERROR mais de 10 anos entre os chilenos que queriam liberdade e democracia, não são um acontecimento TERRORISTA que deve ficar na memória e na História deste contraditório século XX?
Para mim nunca o esquecerei. Tinha 19 anos e vinha assistindo, pelas informações captáveis, a essa experiência que tinha como líder um Homem – ALLENDE – que sentia ser um Socialista Democrático convicto e inquebrável. Às tantas da noite de 11 de Setembro de 1973, soube pela rádio (penso que Rádio Renascença) do golpe e que o Presidente Allende, resistindo na sede do Governo – Moncloa – iria ser abatido conjuntamente com os seus camaradas, por terem dado a vida para que a legalidade democrática fosse respeitada.
Muito sobre estas questões fica por abordar. Mas, para terminar, deixo-vos com uma pergunta: será que o sistema democrático, baseado em eleições livres e universais, só é defensável quando os “ganhadores” estão do lado dos mandantes do mundo?

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