Hoje vi-me grego

Quinta-feira, 19 Fevereiro, 2015

Napoleão Mira

empresário

Por estes dias vejo-me grego. Vejo-me e revejo-me. Revejo-me na irreverência “Davidiana” deste povo, que sabe que este Golias mais tarde ou mais cedo será derrubado do pedestal da arrogância onde está instalado.
Todos sabemos que nas últimas décadas, lá por terras Helénicas, foram cometidos desmandos de bradar aos céus. Que grassa a corrupção e que a fraude fiscal é uma espécie de desporto nacional. Sabemos até de episódios que roçam o caricato, tal a sua originalidade.
Consideramos tudo isto e também que as dívidas são para pagar. Mas também sabemos que não se devem aplicar paliativos que, em vez de curar, matam o paciente, ainda por cima com o beneplácito do aplicador. A isto eu chamo cinismo, insolência, sobranceria.
Bem sei que existem argumentos de peso da parte de quem financiou os anteriores programas de resgate, mas algum deles será mais legítimo que a vontade soberana de um povo?
As gentes gregas, através da autenticidade do voto, e logo na pátria onde nasceu a democracia, disseram: CHEGA!!
Revejo-me neste basta! Neste não quero mais. Agora quero viver. Quero de volta a minha dignidade.
Revigora-me a ingénua coragem de principiante dos novos governantes gregos. Fazem-me acreditar que é possível. Que Podemos!
Levam-me a crer que novos tempos estão aí a chegar. Que dentro em breve outros povos se lhes juntarão, dando mais razão à sua voz.
E eu que tinha fechado a casa de sonhar, voltei a dar asas ao coração e deixei-o voar em direção ao entardecer, esse espaço telúrico onde habitam os amantes da liberdade.

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