Dar vida ao centro de Beja

Quinta-feira, 6 Junho, 2013

Carlos Pinto

director do correio alentejo

Há entre os urbanistas uma teoria apelidada na gíria de “efeito donut”. Foi esta a denominação encontrada por especialistas em arquitectura e geografia para se referirem ao fenómeno de “esvaziamento” dos núcleos das cidades em favor das suas zonas mais periféricas. Uma situação cada vez mais frequente de norte a sul e que tem bastantes explicações, a começar pela possibilidade que os “arrabaldes” das localidades ofereciam de novas (e mais amplas) áreas para construção.
Este processo permitiu que muitas famílias mudassem para habitações mais recentes e modernas, enquanto que bastantes empresários aproveitaram a oportunidade para ampliar instalações e expandir o negócio. Mas como em tudo na vida, este “efeito donut” teve um terrível impacto nos núcleos das cidades, que aos poucos começaram a ser esvaziados de funcionalidades e a perder serviços. Com os anos, tornaram-se centros sem vida.
O caso das Portas de Mértola, “coração” de Beja, é um claro exemplo do efeito pernicioso deste fenómeno. Com o alargamento da sua malha urbana, a principal zona comercial da cidade começou a perder influência e, ano após ano, a ver cada vez mais lojas encerradas e menos pessoas a circular pelas suas ruas.
A requalificação daquela zona, promovida pela Câmara Municipal, constitui agora uma espécie de “segunda vida” para as Portas de Mértola. Mas é com a empreitada quase concluída que começa o verdeiro desafio! Para os comerciantes, que têm de saber renovar as suas lojas e torná-las mais apetecíveis aos clientes. Para as associações do sector, que devem encontrar formas de garantir aos lojistas novas ferramentas de apoio financeiro para os investimentos necessários. E para a Câmara Municipal, que precisa de dinamizar actividades e iniciativas que criem a movida de que precisam as Portas de Mértola. Só assim a “Meia Laranja” poderá voltar a ser o centro da cidade!

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