Caiu o muro de Atenas

Napoleão Mira

empresário

No passado domingo, 5 de Julho, a Europa da união monetária como a conhecemos, começou a desmoronar-se. Nada será como dantes! O povo grego, fazendo jus à sua condição de pai da Democracia, deu um lição de coragem e determinação, dizendo NÃO aos tecnocratas centro-europeus, ao mesmo tempo que dizia SIM à sua dignidade e independência.
Embora correndo riscos desconhecidos e incalculáveis face à sua tomada de decisão, a nação helénica deu uma inesperada lição de verticalidade a toda Europa. É claro que existem argumentos sólidos por parte dos credores, mas também não é menos óbvio que os paliativos aplicados a este doente apenas lhe agravaram a doença, tornando-a incurável.
A dívida da Grécia é impagável. Quem o diz não sou eu, são os mais insuspeitos, independentes e reputados economistas mundiais. Logo, este terá de ser o ponto de partida para futuras negociações. Caso se insista num novo resgate nos moldes dos antecedentes, está-se a empurrar com a barriga um problema insanável que, mais tarde ou mais cedo, irá contagiar os países com maiores debilidades como Portugal, Espanha e Itália, só para enumerar aqueles que estão na linha de tiro dos snipers financeiros.
A saída controlada do euro por parte dos gregos poderá ser uma medida inteligente, desafogante para a economia deste país, até porque nunca lá deveriam ter entrado, visto os governos da altura terem ludibriado as contas (com conhecimento das autoridades europeias!) para aderirem à moeda única.
No momento presente, de pouco vale chorar sobre o leite derramado. Leia-se: sobre os euros evaporados dos anteriores resgates. O importante agora é que os tecnocratas europeus aprendam alguma coisa com a lição de coragem que lhes foi dada pela esmagadora maioria de um povo que, com o poder do seu voto, disse: BASTA!!
Ao ver no passado domingo as imagens da Praça Sintagma, lembrei-me de um outro momento histórico que teve lugar a 9 de Novembro de 1989 nas Portas de Brandemburgo. Falo da queda do famigerado muro de Berlim.
Nesta data, 5 de Julho de 2015, os gregos, tiveram a coragem de começar a derrubar um outro muro. O muro da indignidade e da humilhação.

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