Ainda temos “desporto-rei”?

Carlos Pinto

director do correio alentejo

Passa pouco das sete da tarde e num campo polidesportivo perto do centro de uma vila que é sede de concelho não se vê uma única criança ou jovem a usufruir do espaço. Apenas duas balizas e um recinto deserto. Mas se recuássemos até há 15 ou 20 anos, certamente que num qualquer descampado encontraríamos dezenas de jovens a jogar ao “bota fora”, ansiando pelo momento em que a sua equipa pudesse (finalmente) entrar em campo.
Ora este é um dos grandes paradoxos com que nos deparamos nos tempos actuais. Hoje em dia rara é a vila ou aldeia do Baixo Alentejo que não conta com um campo polidesportivo com condições ímpares para a prática desportiva. Mesmo assim, raras são as vezes em que muitos deles são utilizados diariamente para as tradicionais “jogatanas” informais…
As razões para este quadro são muitas. Por um lado, há menos crianças e jovens nas nossas vilas e aldeias. E as que há contam hoje com um leque de ofertas bem superior ao que existia anteriormente, onde os mais novos pouco mais podiam fazer que jogar à bola, andar de bicicleta ou ir ao pássaro. E isto tem, obviamente, reflexos nas dinâmicas sociais destas terras… mas também no futebol do distrito de Beja.
É precisamente aqui que queríamos chegar: perante este enquadramento, que futuro está reservado ao “desporto-rei” na região? A resposta é incerta mas as perspectivas não são nada animadoras, sobretudo quando vemos um campeonato da 1ª divisão com apenas 11 equipas, apenas três clubes inscritos nos juniores e muitos emblemas sem formação. E se já nem na rua as crianças jogam só podemos temer o pior…

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