E no final da noite eleitoral de 4 de Outubro quem venceu as Legislativas 2015 não foi a coligação Portugal â Frente, de PSD e CDS (que manteve a maioria, ainda que minoritária), muito menos o PS (que aumentou a sua votação face a 2011, mas ficou muito longe da vitória), nem sequer o Bloco de Esquerda (que obteve o melhor resultado da sua história) ou a CDU (que conquistou mais um deputado, ainda que ultrapassada à esquerda pelo Bloco). A grande vencedora das eleições foi mesmo… a abstenção!
Num domingo cinzento, com alguma chuva e muito futebol na TV, foram votar 5.380.246 portugueses num universo total de 9.439.711 eleitores inscritos. Resumindo, ficaram em casa mais de quatro milhões de cidadãos, que preferiram o conforto do lar ao dever de votar – contas feitas, mais que o conjunto de todos os que votaram PSD/ CDS-PP, PS e Bloco de Esquerda. Resultado final: a taxa de abstenção foi de 43%, a mais alta de sempre em eleições legislativas.
Ora num momento tão decisivo para Portugal e para o nosso futuro colectivo, este é um número que não deve ser desvalorizado ou varrido para debaixo do tapete da nossa democracia. Porque ele é preocupante e reflecte, acima tudo, o estado a que chegou a relação dos portugueses com a política e com aqueles que são os seus representantes na Assembleia da República. Daí que seja preciso uma mudança entre todos nós. Sobretudo entre os eleitores, que têm de assumir de vez a sua responsabilidade enquanto cidadãos de pleno direito e deixarem de parte o papel de tribunos de café e paladinos de uma justiça alicerçada em manchetes de jornal. Ser cidadão é muito mais que isso. É participar e agir, intervir e exigir. Caso contrário, a democracia é como um tigre de papel. Forte na aparência, mas frágil na essência.

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