10 anos de cante como património

Sexta-feira, 29 Novembro, 2024

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

Assinalou-se nesta quarta-feira, 27 de novembro, o 10º aniversário da classificação do cante alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), aprovada em 2014 durante a reunião anual deste organismo, na sua sede em Paris (França).
O reconhecimento surgiu na sequência de uma candidatura apresentada pela Câmara de Serpa e pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. Mas o sucesso da candidatura deveu-se, sobretudo, a todos os alentejanos, que informalmente (desde o balcão de uma taberna ao final de uma jornada de trabalho no campo) ou nas ocasiões mais formais mantém viva esta tradição secular, que transporta consigo “o espírito e a alma” de toda uma região, com a sua particular maneira de ser e de estar.
Uma década passada, a hora é de fazer um balanço sobre o que valeu esta classificação ao cante e ao Alentejo e analisar os “prós e contras” de todo o movimento que se verificou em redor da tradição de cantar a moda.
E nesse aspeto, parece-nos que estes 10 anos acabaram por ser, na generalidade, positivos para o cante alentejano, sobretudo por este ter agora maior expressão nacional e estar a ter, cada vez mais, a capacidade de chegar às gerações mais jovens e de se “relacionar” com outras formas de arte. Mesmo que isso não seja bem visto por algumas mentes mais conservadoras, será sempre por esta via que será possível manter viva esta tradição.
Não obstante esta evolução positiva, há sinais que devem causar alguma preocupação, nomeadamente a continuidade de grupos corais, cujo envelhecimento de grande parte dos seus elementos tem levado à extinção ou à suspensão da atividade de muitos.
Por isso, o grande desafio que o cante alentejano tem (no mínimo para os próximos 10 anos) passa por fazer com que os jovens que hoje entoam modas, seja nas salas de aulas ou em grupos menos formais, possam juntar-se aos mais velhos e integrar os grupos corais das suas terras. Se tal acontecer, o futuro do cante estará seguramente assegurado!

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