Sendo uma região ligada à produção animal desde tempos ancestrais, o número de explorações pecuárias na zona do Campo Branco tem-se mantido estável nos últimos anos. De momento, existem neste território cerca de 350 explorações de bovinos, com perto de 26 mil bovinos com mais de um ano, a que se juntam mais 860 explorações de ovinos e caprinos, com aproximadamente 140 mil animais em idade reprodutora.
É sobre estes números que a equipa do Agrupamento de Defesa Sanitária (ADS) da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB) trabalha anualmente, tendo como grande prioridade a sanidade de todos os rebanhos e manadas existentes.
“Existe um controlo muito apertado e tentamos chegar ao final do ano com todas as explorações saneadas. Fazemos um esforço muito grande para que isso aconteça, com um empenho muito grande de todos”, observa ao “CA” a médica veterinária Ana Rita Simões, coordenadora do ADS do Campo Branco, serviço que conta com 22 brigadas veterinárias, uma brigada de identificação e oito pessoas no apoio administrativo.
É esta grande equipa que apoia os produtores pecuários do Campo Branco, num serviço inestimável criado pela AACB há quase 30 anos. “A Associação tem feito um grande esforço para que isto aconteça, até porque isto envolve custos e a sanidade não é totalmente suportada pelo Estado, tendo o produtor de pagar uma parte. E a grande ajuda da AACB é permitir que às vezes as pessoas possam ir pagando este serviço consoante as suas disponibilidades financeiras” nos período de maior carência nas explorações, como são os anos de seca, sublinha Ana Rita Simões.
Além do mais, continua a médica veterinária, o trabalho do ADS do Campo Branco também passa pela simplificação de processos, uma vez que a carga burocrática associada ao sector é cada vez maior. “Hoje em dia ter gado tem uma carga burocrática associada muito grande. E nós decidimos que não será por esta questão burocrática que um produtor deixa de ter as suas ovelhas. A sua preocupação tem de ser produzir. Por isso criámos um conjunto de serviços na AACB para ajudar nessa questão”, diz.
Com um trabalho minucioso realizado nas explorações em prol da sanidade pecuária, o ADS do Campo Branco tem conseguido fazer com que a situação se mantenha “estável” na região ao longo dos últimos anos.
No caso da brucelose, Ana Rita Simões diz que entre os bovinos já não tem memória do último caso registado. “E nos pequenos ruminantes a situação tem estado muito estável, apesar de estarmos próximos de regiões onde o problema persiste, que são algumas zonas do Algarve”, acrescenta.
A grande preocupação da médica veterinária acaba por estar relacionada com a tuberculose entre bovinos, uma doença “de muito difícil erradicação” e que surgiu em 2017 numa exploração do Campo Branco.
“De 2015 a 2017 não tivemos nenhum caso de tuberculose, mas tivemos no ano passado numa exploração onde se isolou o agente. E agora estamos a tentar que a situação se fique por aqui e que não surgem mais explorações com esta doença”, explica Ana Rita Simões, reconhecendo que esta “é uma doença que causa grande impacto económico para a exploração”.
Ainda assim, a coordenadora do ADS do Campo Branco confia que tudo será debelado a curso prazo. “Esperemos que a situação seja resolvida durante 2018”, conclui.
