Eleger dois deputados do PS é dar força à região, sublinha o cabeça-de-lista dos socialistas no distrito de Beja, Pedro do Carmo, que não poupa nas críticas ao Governo.
“Olho à minha volta e estes quatro anos pareceram uma eternidade de sofrimento, de abandono, de ostracização, de enganos atrás de enganos”, afirma o socialista ao “CA”.
Nas Legislativas de 2011 o PS perdeu cerca de 6.000 votos e um deputado em Beja. Há condições para inverter este quadro no dia 4 de Outubro?
Nós não fazemos uma análise contabilística da política nem tão pouco numeramos os objectivos! Sabemos que a nossa obrigação é criar uma relação de confiança com os eleitores, apresentando soluções e propostas que possamos cumprir, sem ir ao engano, sem promover a ilusão que descaracteriza a política. É essa a nossa responsabilidade! E apresentando uma lista com as qualidades que esta tem, com a experiência e a credibilidade que a distingue das listas opositoras, temos a convicção e o empenho suficientes para que o PS tenha um resultado eleitoral que nos responsabilize para defender o Baixo Alentejo acima de quaisquer interesses. É esse o nosso lema, foi assim que lideramos os nossos municípios, colocando sempre os interesses das pessoas acima dos interesses do partido. Sempre que o PS governa o Baixo Alentejo avança!
Por que razão devem os baixo-alentejanos eleger dois deputados do PS?
O PS apresenta uma lista de candidatos da região, pela região. São candidatos que conhecem a realidade do território, das suas instituições e dos seus cidadãos. Não estamos aqui para contabilizar votos. Estamos nesta eleição para acrescentar valor à região do Baixo Alentejo. Nós somos pelo Baixo Alentejo e isso mais nenhum partido defende, apenas o PS, apenas estes candidatos! Ao contrário, quer a CDU quer a coligação PSD/ CDS têm forçado a concentração de poderes em Évora, têm promovido a centralidade que nos tem ostracizado, que abandona as pessoas e que trava o nosso desenvolvimento. E o que está em causa nestas eleições são duas questões muito claras: defender o Baixo Alentejo como região com potencialidades e autonomia de desenvolvimento e eleger ou a candidata do PSD/ CDS, que ontem era deputada por Coimbra, hoje por Beja e amanhã não se sabe por onde poderá vir a ser, ou eleger José Alberto Guerreiro, autarca de Odemira, com provas dadas, conhecedor da região e capaz de defender os interesses das pessoas. E o José Alberto tem esta característica muito importante: trazer o concelho de Odemira para o centro da decisão, depois de tantos anos de abandono. Por isso, não vale a pena dispersar votos quando a escolha é esta: ou damos força ao Baixo Alentejo votando na lista do PS ou escolhemos o retrocesso e o protesto fácil, que são ambas as coisas que CDU e PSD/ CDS conseguem prometer!
Qual o maior desafio que o Baixo Alentejo tem pela frente?
O Baixo Alentejo precisa de criar liderança, ganhar força e dimensão política que permitam que as suas ambições e os seus projectos sejam ouvidos e aceites por quem governa. É também por isso que considero importante que o PS eleja dois deputados. Quanto mais força tivermos, mais fazemos as coisas acontecerem. E estamos aqui de cabeça erguida, pois sempre que o PS governou o Baixo Alentejo avançou. E a força que os baixo-alentejanos nos derem será a força que faremos valer em Lisboa! Depois a nossa região precisa de levar por diante um conjunto de projectos que nos últimos quatro anos ou foram adulterados ou foram bloqueados. E a partir desses desenvolver outros projectos que a tornem uma região competitiva. E o principal e mais importante desafio da região é o da mobilização dos cidadãos e das instituições para que possamos construir um caminho sólido nas próximas décadas que afirme o Baixo Alentejo como uma das regiões emergentes do país e da Península Ibérica.
Entre os 10 compromissos assumidos perante os eleitores baixo-alentejanos, qual o mais prioritário?
Quando se definem compromissos com um grau de seriedade tão elevado como estes que apresentamos, não se priorizam promessas nem se hierarquizam objectivos. Temos a capacidade como região de construir um desenvolvimento sustentado com vários projectos em vários sectores da sociedade ao mesmo tempo. Temos os recursos, assim os eleitores nos deem essa força, para fazer aquilo que tem que ser feito. Mas não querendo fugir à sua questão, devo acrescentar que tudo aquilo que defendemos assenta numa ideia clara de governação que passará, a seu tempo, pela criação da região administrativa do Baixo Alentejo!
Vão colocar a Regionalização na ordem do dia?
Com toda a certeza, aliás neste momento estamos a colocar a Regionalização na ordem do dia ao defender que a eleição de 4 de Outubro diz respeito ao Baixo Alentejo em contraponto às políticas de austeridade e de abandono que nos foram impostas pela coligação PSD/ CDS e também pela inércia da CDU, que se limita em mobilizar autocarros e a erguer bandeiras negras quando na realidade olha para a região como um banco de votos e de equilíbrios de poderes construído à custa das dificuldades das pessoas. Que fique bem claro: nós somos pelo Baixo Alentejo e a eleição de dois deputados do PS servirá para defender a nossa região. Como tenho dito nesta campanha: daqui a quatro anos não peçam contas ao PS, peçam contas a mim, Pedro do Carmo, e ao José Alberto Guerreiro. Somos nós que damos a cara pela nossa terra e somos nós que a vamos defender. Já chega de ilusões, de avanços e de recuos, esta é a hora da nossa terra avançar!
Que avaliação faz do trabalho do Governo no distrito de Beja entre 2011 e 2015?
Olho à minha volta e vejo abandono, serviços centralizados, populações cada vez mais isoladas, os cuidados de saúde sem capacidade de respostas, o ensino e a justiça a criar problemas quando deveriam ser soluções. E inquieta-me saber que os técnicos e colaboradores destes serviços estão empenhados a fazer melhor, mas que tudo aquilo que lhes apresentam são desânimos e frustrações. Olho à minha volta e sinto as dificuldades nos rostos cansados das pessoas, cansados de tanta austeridade de tanto sacrifício em vão. Percorro as ruas das nossas terras, em toda a região, e sinto o vazio que deixaram aqueles que partiram para emigração, aqueles que não foram respeitados nem chamados a contribuir para a região. Olho à minha volta e estes quatro anos pareceram uma eternidade de sofrimento, de abandono, de ostracização, de enganos atrás de enganos. E é esta realidade que quero ajudar a inverter. É este passado/ presente que desejo poder mudar devolvendo esperança e confiança às pessoas, aos meus concidadãos. É por isso que assumo este desafio, para servir a minha terra!