“No Guadiana joga-se por amor à camisola”

“No Guadiana joga-se

Ano após ano o Guadiana de Mértola tem vindo a consolidar-se como clube da 1ª divisão distrital, mas o técnico Ricardo Soares reconhece, em entrevista ao “CA”, que as dificuldades continuam a ser muitas. “No Guadiana joga-se por amor à camisola! É amadorismo puro, mas pelo puro prazer de jogar à bola e estar entre amigos”, afiança o treinador de 39 anos.

Com que ambições partiu o Guadiana de Mértola para esta temporada?
A principal preocupação do Guadiana é alcançar a manutenção quanto antes e fazer um campeonato mais tranquilo, sabendo de antemão que houve muitas mudanças na equipa. Temos muitos miúdos, muita gente nova, e não é fácil, até porque este é um campeonato muito competitivo, com apenas 11 equipas, em que qualquer perda de pontos se nota. Não é uma situação fácil, mas as coisas vão indo aos poucos e tenho dito aos jogadores que isto não é como começa mas sim como acaba.

Cumpridas 10 jornadas de campeonato e a primeira fase da Taça de Honra, que balanço faz da prestação da equipa?
É positivo, até porque esta é uma equipa muito nova, em que entraram muitos elementos depois de uma indefinição no início com alguns jogadores que podiam vir ou não. E isso fez com que o nosso início não fosse tão forte. Agora as coisas estão a compor-se, já temos mais jogadores para treinar e estamos a melhorar. Mas vamos com calma e com os pés bem assentes no chão…

Em busca da manutenção?
Sim, é o grande objectivo. E depois tentar chegar o mais longe possível na Taça do Distrito…

Onde foram finalistas vencidos em 2014-2015. Ambicionam repetir a presença na final?
Qualquer equipa que entre nessa competição tem esse objectivo. Pensamos chegar o mais longe possível e vamos com calma… Lembro que é uma equipa muito nova, com três juvenis e dois juniores no plantel e isto não é fácil. Vamos devagarinho, com calma, que o Guadiana vai ter futuro e vai ter jogadores que vão honrar a camisola domingo a domingo.

Mértola fica de certa forma distante, o recrutamento de jogadores acaba por ser mais complicado… Isso inibe as aspirações do clube?
Costumamos dizer, a brincar, que Mértola é bom porque não vão lá buscar-nos jogadores, porque fica distante. Mas também é mau para trazer jogadores, porque são sempre muitos quilómetros… Depois temos o problema de haver pouca juventude – o distrito de Beja é mesmo assim e Mértola também. As aldeias mais próximas estão com muito pouca gente e isso também se reflecte no futebol. Para ter uma ideia, o Guadiana tem neste momento Petizes, Traquinas, Benjamins e Infantis. E depois não tem mais nenhuma equipa de futebol de 11 a não ser os seniores.

Isso complica a renovação da equipa.
É muito complicado! Por exemplo, temos três juvenis que treinam e jogam connosco nos seniores quando eram para jogar no seu escalão. Não fazem o percurso normal e isso nota-se. Às vezes é bom, mas neste caso gostava mais que tivessem competição no seu escalão e só depois passassem para o futebol sénior. Mas é o que há e trabalhamos assim todos os dias. Sempre foi assim no Guadiana e assim há-de continuar a ser.

Tendo em conta esta realidade, torna-se complicado o clube aspirar a mais.
Em termos quantitativos somos poucos, mas posso dizer-lhe que há muita qualidade. O futuro do Guadiana avizinha-se bom, porque os jogadores têm qualidade. E tem uma equipa de Benjamins com muita qualidade, uma equipa de Infantis com alguma qualidade… Ou seja, o futuro será bom! E há muito amor ao clube, jogadores que fazem um esforço tremendo para vir jogar ao domingo…

Ainda se joga muito por amor à camisola no Guadiana?
No Guadiana joga-se por amor à camisola! É amadorismo puro, mas pelo puro prazer de jogar à bola e estar entre amigos.

Este ano o campeonato distrital da 1ª divisão tem apenas 11 equipas. Isso é bom ou mau?
É sempre mau haver poucas equipas. Acho que a Associação de Futebol de Beja tem de repensar o modelo competitivo… Há alguma coisa que não está bem e tem de se repensar isto, porque se não fosse a Taça de Honra, e com apenas 11 equipas, o campeonato iria acabar em Fevereiro. Assim é muito difícil e isso tem reflexos… Basta ver as selecções distritais que temos, que jogadores temos ao mais alto nível… Alguma coisa não está bem e tem de se pensar nisto muito bem.

No plano pessoal, que representa para si este desafio no Guadiana de Mértola?
É um desafio diferente do que tinha na Mina de São Domingos. Sou de Mértola, nascido e criado há quase 40 anos, e é um prazer enorme fazer parte desta equipa e estar neste cargo. Sinto muito orgulho! Desde os meus 10 anos que jogo no Guadiana, conheço o clube de trás para a frente e vivo isto intensamente. Vou levar e buscar jogadores, ajudo nos Infantis… É por amor ao clube e pelo prazer do futebol!

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Correio Alentejo

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