Um novo hotel de quatro estrelas, assente num conceito hoteleiro “inovador” e que pretende ser uma referência “em termos de desenvolvimento turístico sustentável, regenerativo e responsável”, pode vir a nascer na freguesia de Vila Nova de Milfontes (Odemira).
O projeto do Hotel dos Aivados – Aldeia do Silêncio, atualmente em fase de estudo prévio e cujo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) esteve em consulta pública até ao passado dia 20 de fevereiro, é promovido pela empresa Célula Solitária, Lda., estando prevista a sua implementação numa propriedade rural em Godins Velhos, na freguesia de Vila Nova de Milfontes, com cerca de 42 hectares.
De acordo com o EIA, consultado pelo “CA”, a futura unidade turística, cujo valor do investimento não é revelado, será um hotel-apartamento de quatro estrelas composto por 22 apartamentos (dos quais 10 T2 e 12 T2 premium) e 16 moradias (10 T3 e seis T4), tendo uma capacidade total de 196 camas.
O projeto prevê igualmente a construção de 16 piscinas individuais e mais duas coletivas, bar e restaurante, assim como um spa, um centro para retiros de yoga e meditação, e 82 lugares de estacionamento, 35 dos quais cobertos.
Ao todo, serão criados 58 novos postos de trabalho no Hotel dos Aivados – Aldeia do Silêncio.
Segundo os promotores do projeto, o investimento a realizar pretende compatibilizar “a ocupação turística com o atual uso agroflorestal”, sobretudo montado de sobro e pecuária extensiva, “por forma a criar um estabelecimento hoteleiro de referência capaz de promover a criação sustentada de valor económico, social e ambiental na região”.
“Este hotel é desenvolvido como um projeto de turismo regenerativo, de forma a repor o equilíbrio entre a atividade turística e a disponibilidade de recursos, assumindo o passivo provocado pelas recentes transformações no território, pelo abandono dos campos agrícolas e pela ocupação excessiva do litoral e consequente impacte do turismo de massas”, acrescenta o EIA.
O projeto prevê igualmente “melhorar e reintroduzir os habitats naturalmente ocorrentes na região”, “ser uma referência em termos de gestão de recursos, em particular do recurso água” e “inspirar e educar as futuras gerações para o respeito pelo ambiente”.
É nesse âmbito que os promotores estimam, entre outras metas, integrar no projeto “um ciclo da água com recuperação de 85% da água consumida” e construir edifícios “com baixo impacte no ambiente e na paisagem, que permitam uma ligação à envolvente, e que proporcionem uma transformação positiva do território”.
O projeto prevê também a criação de um “santuário” para aves e insetos polinizadores, ao longo de 15 hectares, e de um Forest Club, destinado à educação ambiental das crianças, “potenciando a sua conexão com a natureza”.
Os promotores pretendem ainda avançar com a constituição da Fundação Vicentina, uma organização sem fins lucrativos que visará angariar fundos para a melhoria das condições naturais da Costa Vicentina e do Sudoeste Alentejano.
Está igualmente prevista a realização de um estudo “de viabilidade de uma solução de geotermia superficial para climatização e produção de águas quentes sanitárias e suas mais valias”, e a implementação do “Regenerar Aivados”, um plano de gestão “dos ecossistemas com foco na melhoria e regeneração dos habitats naturais e a criação de uma estrutura de fruição do território, valorizando os pontos de interesse local”.