“Feira de Castro é o momento por excelência de regresso e reencontro dos castrenses”

David Marques_2020

Na véspera do arranque de mais uma edição da secular Feira de Castro, o vice-presidente da Câmara de Castro Verde, David Marques, revela ao “CA” que, este ano, são esperados mais visitantes num certame que “continua a ser o momento no ano” para todos os que nasceram ou residem no concelho.

Quais as expectativas para a edição da Feira de Castro deste ano?

As expetativas são elevadas, sobretudo no que respeita ao número de visitantes. A Feira é, desde sempre, o momento anual em que Castro Verde atrai até si mais visitantes. Passando por todos os, que do Algarve à região de Lisboa, incluem uma passagem pela Feira de Castro no seu roteiro de outubro, como pelos castrenses que estão na diáspora e que regressam a casa neste terceiro fim-de-semana de outubro. Este ano, fruto duma aposta forte na programação de espetáculos, na diversidade de propostas e numa reforçada comunicação e divulgação nacional, as expetativas passam por ter mais visitantes nas ruas e na Feira. 

O que representa a Feira para os Castrenses?

A Feira de Castro é o momento por excelência de regresso e de reencontro dos castrenses, do que cá estão e dos que vivem espalhados pelo mundo. Essa é uma dimensão fundamental da Feira para os castrenses e que continua a marcar o perceção das pessoas. Para além disso, a Feira também representa a transformação da vila, que num fim de semana muda radicalmente a sua organização e a paisagem do núcleo urbano, com implicações, positivas e menos positivas, como é normal, conforme o ponto de vista de cada um. A Feira de Castro continua a ser o momento no ano, de alguma forma sem paralelo, em que os castrenses abrem as portas das suas casas, ocupam a rua e acolhem todos os que nos visitam.

A Feira de Castro continua a ser o momento no ano, de alguma forma sem paralelo, em que os castrenses abrem as portas das suas casas, ocupam a rua e acolhem todos os que nos visitam.

Este tipo de eventos têm vindo a perder expressão no país. Castro Verde é a “exceção à regra” ou tem havido um esforço de adaptar a Feira aos tempos atuais?

Nos últimos anos, desde 2018, mas sobretudo desde a pandemia, tem sido feito um grande esforço para trazer à Feira novos públicos, que procuram a feira de tradição, os sons, sabores, e cheiros duma feira histórica com quatro séculos, mas que também procuram novas propostas ao nível dos espetáculos e duma programação mais abrangente, que mobilize jovens e menos jovens. As motivações que trazem pessoas à Feira têm mudado ao longo dos tempos, o que não significa que a Feira perca a sua identidade. Quando a venda de animais desapareceu da Feira, ter-se-á aventado o declínio da Feira. No entanto, a Feira adaptou-se, renovou-se e continua a ser um momento alto do ano de Castro Verde, mas diferente. Também a pandemia que vivemos entre 2020 e 2022 representou um duro golpe para quem faz das feiras e mercados modo de vida e isso sentiu-se e sente-se ainda em todo o país. Desapareceram feirantes, que mudaram de ramo ou de atividade, e a Feira de Castro não é imune a este fenómeno. Mas a identidade mantém-se. A Feira de Castro continua a unir o Algarve ao Alentejo, o litoral ao interior, a marcar o calendário, a promover os reencontros e a valorizar as tradições. Os encontros de cante ao baldão e a viola campaniça, os grupos corais polifónicos de cante alentejano, o folclore algarvio, o almoço dos castrenses na diáspora, os frutos secos, as diversões, as ruas cheias de gente, continuam a definir a essência da Feira de Castro.

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