Confesso que sou um péssimo gestor. Por isso não faço gestão de coisa alguma. Sou tão mau a gerir que começo por não saber o que fazer do tempo que, naturalmente, me é dado de graça. São vinte e quatro horas por dia que tenho sem disponibilizar um cêntimo e desperdiço a maior parte delas acabando por (literalmente) matar o tempo.
A gestão implica conhecimentos de economia, e nisso eu sou tão leigo que os meus rudimentares conhecimentos na matéria são empíricos e limitam-se em saber que há mais mês para além do ordenado. Com esta pública confissão de incompetência para gerir, salva-me a minha mulher que, lá em casa, assume o papel de primeiro-ministro e acumula as pastas da economia, das finanças e dos negócios. Eu não faço nada… assumo o papel de Presidente da República caseira. Aceno que sim ou que não às perguntas do primeiro-ministro e ela faz precisamente o contrário do meu aceno. É como digo: assumo, na perfeição, o papel de Presidente da República!…
Esta minha confissão tão pública (que até fiquei corado) vem a propósito da crise que nos entrou em casa sem bater à porta. Andamos todos à rasca com a guita (isto é: todos os que trabalham, mais os reformados… mas não os “belmiros” no activo nem os “teixeiras pintos” aposentados). Andamos, dizia eu, à rasca porque o dinheiro não chega para nada. Cortamos aos cafés, à gasolina e às refeições fora de casa.
Já não vamos ao cinema e deixamos de comprar livros e jornais. Olhamos para a televisão e lemos o “Metro”, o “Destak” e o “Global”, que têm as mesmas petas do “Notícias”, do “Público” e do “Expresso”… e são gratuitos. A constatação desta desgraça causa-me aflição, arrepios e pele-de-galinha!
A questão coloca-se assim: não consumimos porque não temos dinheiro. E o comércio, sem consumidores, não vive e fecha as portas. Em consequência, a indústria que abastece o comércio não tem encomendas, cessa a sua laboração e despede os trabalhadores, que, no desemprego, não têm dinheiro; por isso não consomem! …
Esta pescadinha-de-rabo-na-boca só tem uma solução possível: aumentem-se os ordenados, porra!… Assim, os trabalhadores já têm dinheiro para consumir, o comércio pode encomendar à indústria, e esta emprega mais trabalhadores para alimentar as necessidades do mercado!… Ficamos todos felizes e a economia revitaliza-se se os trabalhadores tiverem um aumento substancial de salários!
Isto digo eu… que não percebo nada de economia. Mas a maior novidade… prestem atenção!… É que o meu ego acaba de dar um salto de contentamento e passeia-se na minha República caseira, todo inchado (teso), frente ao primeiro-ministro, ao ministro da economia, das finanças e dos negócios. Até parece um pavão! É que acabei de ler, no suplemento de economia do jornal espanhol “El País”, uma entrevista concedida pelo novo prémio Nobel de Economia, Paul Krugman, que aconselha a aumentar o gasto para activar a economia! Ouviram? Vou repetir e a negro para ter maior destaque: <b>o homem aconselha a aumentar o gasto para activar a economia!
</b>Estão a ver? Ajudem a salvar a pátria, senhores empregadores: aumentem o ordenado aos vossos trabalhadores. Com dinheiro no bolso eles gastam mais, o comércio activa-se e a indústria regenera-se! <b>Nunca me senti tão perto de um prémio “Nobel”!</b>

Fausto Fialho (Livre). “Queremos crescer eleitoralmente e consolidar a nossa presença em Beja”
O cabeça de lista do Livre por Beja nas Legislativas, Fausto Fialho, assume em entrevista ao “CA” que “os investimentos nas infraestruturas do distrito são,