A comemoração dos 100 anos da República, no momento actual que atravessamos, é motivo redobrado para uma reflexão conjunta dos vários protagonistas locais, regionais e nacionais ao nível da decisão política.
O nosso regime caracteriza-se por uma escolha periódica dos representantes, tendo como base a sua disponibilidade, capacidade, representatividade, identificação e defesa da res publica. É nesse pressuposto que somos escolhidos para desempenharmos os respectivos cargos, tendo como objectivo principal o “serviço público”, o “povo” e o “território”, numa base de confiança, transparência e ética
Contudo, como em tudo na vida, existem vicissitudes do próprio desempenho da função dos titulares de cargos políticos
Quer isto dizer que, em casos extremos como os que, com o argumento da defesa dos valores da res publica se vão perpetuando nos lugares e cargos, de forma abusiva e desfasada do tempo, autenticamente, se instalam nos “postos de comando” e, contra muitos, aí permanecem mais tempo do que a República necessita deles, dando origem a regimes ditatoriais ou, no mínimo, com restrições severas no exercício dos direitos fundamentais
Depois, há também aqueles que reconhecidamente são “animais políticos”, pela sua tenacidade e capacidade própria se distinguem dos demais e são assumidamente “mais valias” para o regime republicano/democrático, independentemente dos cargos que ocupam, pela sua lucidez, análise e propostas políticas e que se “perpetuam” na nossa memória colectiva.
Não obstante o dever da sociedade em respeitar os que muito contribuíram para a sua afirmação e consolidação, prestar-lhes a merecida homenagem, não me parece que, indefinidamente, sejam sempre, em todo o tempo, em todas as circunstâncias, valores suficientemente fortes para ocuparem cargos de “máxima representatividade” nos diferentes graus de poder político.
Nesses termos, sempre vi com extrema naturalidade a limitação de mandatos políticos, como forma de “disciplinar, renovar e clarificar” o sistema político.
Sim, porque a República, o regime republicano é feito de mudança, de renovação, de alternância de circulação de novas ideias, novas pessoas, cada uma tentando aperfeiçoar o regime com o que aprendeu/adquiriu com os que o antecederam e, naturalmente, com a sua própria contribuição de competências e capacidades que, em si, possui.
Há, junto de alguns “protossauros” do regime a tendência em, de forma autista, teimosa e contrariando todos os princípios republicanos, ficarem apegados a cargos, pensando gozar de uma popularidade que manifestamente já não possuem. Depois…vem a confusão entre o Estado e a pessoa, o cargo e a individualidade e surgem situações de promiscuidade do ancien regime. Da mesma forma que Ils ne sont pas L´Etat nem poderão, alguma vez aspirar a sê-lo, porquanto não possuem a respectiva linhagem, nem tão pouco é reconhecida, num Estado republicano, que terminou com os privilégios nobiliárquicos em 5 de Outubro de 1910.
Quero com isto dizer que os protagonistas não são, não podem, nem devem ser os mesmos passados não 100, mas 34 anos após a aprovação da primeira Constituição pós-25 de Abril.
O mundo está numa “velocidade progressivamente acelerada”. Se é certo que ciclicamente se repetem crises económico-financeiras (sim, ciclicamente) não é menos certo que o mundo, apesar das ameaças terroristas, das enormes desigualdades entre os povos, dos endémicos problemas ambientais, o que necessita é de serenidade, confiança, sensatez, mas sobretudo ESPERANÇA . Essa é conseguida sempre por novos “actores” por novas pessoas, por pessoas que, pela vivência, modernidade sentem este “Novo Mundo” de constante mudança tecnológica como verdadeiramente seu e capazes de fazerem a diferença.
A limitação de mandatos políticos (e não só os autárquicos) e renovação de pessoas, novas caras, novas atitudes, “sangue novo”, por isso, é necessário na nossa República.
Não podem, nem devem ser as mesmas pessoas que nos governaram nos últimos 30 anos, ou que antes disso (de forma decidida e corajosa) enfrentaram a ditadura que estão aptas para conduzirem e/ou representarem o país.
O mais alto representante da República deverá ter mais de 35 anos, segundo a Constituição…não deverá ter mais de 70…!
No Baixo Alentejo, o PS, conseguiu a nível local/regional algo de verdadeiramente assinalável e prestigiante para a dignidade da República, que foi renovar os eleitos locais (a começar pelos presidentes de Câmara) dando um grande exemplo de maturidade organizativa e política, numa região envelhecida e com graves problemas demográficos.
O futuro da República depende mais do seu suporte humano, da forma como se incrementará a participação cívica, fortalecendo a cidadania e inovando a nossa democracia.
Não podemos, nem devemos ficar permanentemente agarrados a ideias e pessoas do passado, devemos saber renovar e inovar e é isso que o futuro do Estado português, republicano e europeu exige da sociedade actual.
Fará sentido que passados tantos anos depois do 25 de Abril de 74, continuemos sempre apegados, fixos e obsessivos com personagens do passado (com reconhecido mérito político e económico é certo…!) sem visão de futuro, apegados aos mesmos slogans, mesmas ideias, sem noção que a MUDANÇA é necessária para o fortalecimento da República e a própria essência para a sua continuidade?

Castro Verde recebe Mega Encontro Jovem de atletismo
Mais de uma centena de atletas vai participar, neste domingo, 3, no Mega Encontro Jovem de Atletismo de Castro Verde, que vai decorrer na pista