A política recente desafia a maturidade da nossa democracia. Refiro-me ao populismo que marca as escolhas, justificando-as pelo desejo de vencer. Para alguns partidos políticos é preferível serem reféns de soluções sem credibilidade desde que para isso lhes seja possível uma mais valia.
A extraordinária particularidade desta nova conjuntura tem vindo a ter corpo, a nível nacional, no PSD – vejam-se os casos de alguns candidatos autárquicos falados na comunicação social – que incutido da necessidade de um bom resultado eleitoral não se apercebe, ou não se quer aperceber, das consequências de tais candidaturas.
O PSD assusta-nos também no distrito de Beja, com alguma tristeza confesso, ao sujeitar-se que José Raul dos Santos seja novamente candidato à Câmara de Ourique. A confirmar-se esta candidatura, e tudo assim o indica, o PSD presta um mau serviço aos seus militantes, aos munícipes de Ourique e à credibilidade do sistema político.
As motivações de Raul dos Santos são as da sobrevivência política. Em nada tem a ver com trabalho em prol de populações ou de serviço público. Trata-se de uma candidatura desesperada, tal como foi a sua eleição como deputado pelo círculo eleitoral do Porto. E pior que isso, representa uma gravíssima e irreversível derrota para Manuela Ferreira Leite e para todos os militantes sociais-democratas que, política e intelectualmente, são pessoas honradas e sérias.
O ex-autarca causou com a sua gestão a ruína financeira da autarquia, comprometendo-a no futuro na dificuldade de realização quer de obras quer de medidas e projectos de desenvolvimento económico-social. A sua governação colocou a Câmara numa situação de descrédito e de arrasto num sem número de processos judiciais. Mas a sua acção presidencial também derrubou o prestígio dos ouriquenses e de Ourique.
O PSD, as mulheres e homens de bem que, com toda a legitimidade militam ou simpatizam em Ourique no PSD ao consentirem o regresso do “cavaleiro das tristes figuras” perdem de vez a última coisa que nunca se pode nem deve desbaratar: a credibilidade moral. Em política não pode valer tudo. E a decisão do que vale um resultado eleitoral está nas mãos e no bom juízo dos dirigentes nacionais do PSD.
Levando por diante esta pretensão, José Raul dos Santos, de regresso à casa onde praticou a desgovernação e desrespeito pelos munícipes e bens públicos, garante espectáculo em vez de ideias, promete uma enchente populista em vez de soluções. Como bem diz a sabedoria popular: “Quando a cegada começar, vai ser à bicha e não haverá bilhetes…”.
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