Curiosamente o oásis de Huacachina fica nas imediações da cidade de Ica, no Peru, na província com o mesmo nome, e não perdido entre dunas no meio do deserto onde se chega já em desespero de causa. Esse pormenor desapontou-me. Até porque, temos (tenho!), aquela imagem de que o oásis é a salvação de quem atravessa o deserto.
Mal chegados ao hostel que nos foi recomendado (Casa Ariana) fomos de imediato encaminhamos para a praça central onde nos esperavam uma espécie de ruidosos buggies que transportavam no mínimo doze passageiros cada. Estas bestas mecânicas, feitas à mão em oficinas das redondezas, comportam normalmente um poderoso motor de um potente carro americano desactivado que lhes confere a força necessária para galgar paredes de areia tão grandes como o edifício mais alto jamais visto por estes dois que a terra há de comer. Verdadeiramente emocionante e não menos assustador!
Os gritinhos estridentes das passageiras sobrepõem-se ao ronco do motor que funciona a escape livre para dar aquela ideia de poço da morte, só que desta vez comigo dentro do habitáculo.
As manobras acrobáticas sucediam-se. Uma montanha russa feita de areia, com os gloriosos malucos das máquinas galgadoras de dunas a levaram cada vez mais longe os golpes de volante que nos haveriam de manter sãos e salvos, ainda que, cheios de areia nos orifícios mais recônditos dos nossos corpos.
Depois de toda esta adrenalina e do pessoal se começar a ambientar às manobras arrojadas dos pilotos locais, fomos levados para o alto de uma duna onde parámos.
Vista cá de cima, o raio da duna parecia uma pista negra de uma das estâncias de esqui que costumo frequentar. As pessoas lá em baixo, parecem-me formigas vislumbradas a partir daqui. Com esta descrição já dá para imaginar a altura que terei de descer a deslizar, a rebolar, aos trambolhões ou, simplesmente, a comer areia como se não houvesse amanhã. Se fosse de esqui, abalava já daqui abaixo e ainda fazia um brilharete. Dou por mim a pensar.
Até que, por fim, um bravo do pelotão, resolve deitar-se sobre a prancha e deslizar montanha abaixo num exercício algo desconcertante, mas de enorme coragem ao som dos gritos de incitamento e das palmas dos restantes. Chegado ao fim da duna são e salvo, exulta de alegria levantando braços e prancha reclamando vitória.
Os outros, onde por acaso me incluo, vendo que o perigo não é assim tão grande, logo se atiram também duna abaixo com uma tábua debaixo dos peitos.
Esta da tábua abaixo debaixo dos peitos, é um exemplo tipicamente alentejano de descrever um episódio, só para não desmerecer as minhas orgulhosas origens.
Huacachina foi, afinal, uma excelente e emocionante surpresa neste périplo que fiz pelo Peru e Bolívia, que agora resgatei às minhas memórias.

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