Da memória dos homens emerge sempre a perpetuação dos homens bons, dos que são úteis construindo algo de melhor para o bem de todos, daqueles que são diferentes marcando a diferença.
Ao longo da vida, muita desta vida feita no campo da política, fui cultivando memórias, elogios e admirações pelos homens da vida pública. Não só os que estão ou estiveram no espaço partidário em que milito, mas também e sobretudo outros homens da vida pública, com pensamentos diferentes e divergentes dos meus, entre eles Álvaro Cunhal ou Sá Carneiro.
E a cultura da democracia está na aceitação das diferenças e das divergências, no respeito pelas pessoas, no valor que acrescentam à sociedade, independentemente das ideias e das visões. Porque é no somatório de todos os homens e mulheres que construímos uma sociedade melhor.
Escrevo este texto no momento em que os eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Beja reprovaram com assombrosa frieza a atribuição, a título póstumo, de uma medalha de mérito municipal a Rui Sousa Santos. Fui e Sou seu Amigo e magoa-me a indiferença e a hipocrisia de quem se revê apenas no espectro limitado dos interesses partidários. Sobretudo quando estamos perante a memória e não perante adversários!
Para estes eleitos comunistas as memórias são de perpetuar apenas quando lhes diz respeito, quando se trata dos seus e nunca, jamais, dos outros, apesar dos seus valores, das suas competências, dos seus percursos, dos seus actos de cidadania. E para estes senhores os méritos são apenas reconhecidos em edifícios, ruas, praças, largos e avenidas onde se perpetuam militantes comunistas, com justiça certamente, mas insuficiente no respeito pelos outros.
E as palavras de elogio fúnebre que muitos destes senhores proferiram aquando do prematuro desaparecimento de Rui Sousa Santos são hoje escutadas com a igual frieza e desrespeito da sua decisão colectiva.
Devemos cultivar as diferenças, aprofundar as ideologias, vincar as oposições mas nunca devemos subestimar o mérito dos homens, desrespeitando memórias e desvalorizando a sociedade democrática.
Vivo agora com a certeza de que o Rui Sousa Santos é ainda maior do que a medalha que lhe recusaram, mesmo que esta fosse simbólica. Sei que da sua cabeça não sairia decisão tão disparatada e infantil de recusar enaltecer quem tivesse ideias diferentes das suas.
A memória pertence à consciência individual de cada Homem e de cada Mulher. Não é propriedade do PCP, mesmo quando é sua prática querer comandar as memórias. É um acto intocável da liberdade e da natureza humana, capaz de sobreviver a ditaduras e a imaginações medíocres.
E o Rui Sousa Santos é cada vez mais livre na memória colectiva de milhares de pessoas a quem tocou com a sua grande dimensão humana! O mérito sobrevive sempre no tempo, que nem os comunistas comandam! Felizmente!

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