<b>Legitimidades e transparências. </b> Tornam-se cada vez mais claras as motivações políticas e pessoais por detrás da campanha de ataque à honorabilidade e carácter do primeiro-ministro.
O que se passa hoje em Portugal é algo nunca visto num sistema democrático, onde os valores e princípios fundamentais de liberdade e de respeito pelas pessoas deveriam estar protegidos da rancorosa infâmia.
Confesso-me apreensivo quanto aos rumores e ao anonimato que suportam gastos financeiros absurdos em investigações e processos inconsequentes. Declaro-me desconfiado das razões éticas e morais que fundamentam a cruzada e ainda muito mais receoso dos efeitos da supremacia de alguma comunicação social e de alguns jornalistas, que por convenientes interesses agem, com ligeireza, à margem da lei.
Duas coisas parecem ser óbvias, desde que o intérprete queira usar de boa fé: as suspeitas levantadas sobre o primeiro-ministro em sucessivos casos são uma falácia, logo, são também a demonstração da existência de uma cruzada de conquista de poder ilegítimo, que une vontades partidárias, interesses económicos e vinganças pessoais.
Nem me pronuncio quanto ao ridículo de declarações proferidas ao longo destes meses por Moura Guedes, Felícia Cabrita, Mário Crespo ou Manuela Ferreira Leite. Exactamente pelos tons quixotescos das suas demandas e pelas irresponsáveis motivações.
Mas afirmo a minha convicção no combate à protecção da liberdade dos cidadãos e do funcionamento da Democracia, bem como, no respeito pelos órgãos judiciais, as suas decisões e fundamentações para arquivar processos ou dar-lhes seguimento, quando assim se justificar e não por mero capricho da satisfação de opiniões destorcidas por interesses económicos e político-partidários.
<b>Legitimidades e coerências. </b> As legitimidades democráticas são firmadas nos votos e nas escolhas eleitorais. E no passado mês de Outubro os baixo-alentejanos, concelho a concelho, expressaram vontades e legitimaram poderes. Não é aceitável que tais legitimidades sejam questionadas em jogadas palacianas de medição de força partidária. Tais comportamentos destorcem a opção popular e prejudicam as políticas de progresso. Mas nisto o PCP é hábil e profícuo, construindo lutas sempre que o seu poder político é questionado.
Sou um defensor das estratégias intermunicipais que procurem os consensos e cumpram a mais-valia da coerência territorial e da satisafação real das necessidades e acredito que no futuro só assim concretizaremos um desenvolvimento harmonioso para a nossa região.
Mas a legitimidade pressupõe responsabilidade. E a responsabilidade da liderança dos processos intermunicipais – associações de municípios – deve pertencer ao Partido Socialista, competindo-lhe ainda uma liderança orientadora e clarificadora das medidas a tomar.
E enquanto isto se processa – leia-se, o combate pelas presidências e administrações – ficam de fora as intervenções sérias e necessárias que deveriam concentrar os partidos.
Por exemplo: discordo da sobreposição de associações municipais como são o caso da AMBAAL e da CIMBAL, cujas competências se cruzam e multiplicam em gastos de energias, de recursos humanos e financeiros e, muitas vezes, em conflitos institucionais e de acção. Ou uma ou outra está a mais. E uma das duas deveria ser extinta, no caso a AMBAAL.
Outro exemplo: a estratégia de implementação das medidas deve respeitar as necessidades de desenvolvimento e projectar um pensamento de futuro para a região, concelho a concelho e em rede. Mas a ambição actual é muito redutora: resume-se aos ciclos eleitorais e à disputa de poder.
Em conclusão, e no que respeita às estratégias intermunicipais, torna-se necessária uma nova atitude: mais actuante e responsável; mais política e eficiente; mais concertada e acolhedora das vontades, necessidades e expectativas dos municípios da região.