INEM melhora pouco

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Rodeia Machado

técnico de segurança social

Terminado que está o período de férias, é tempo de regresso ao trabalho, que o mesmo é dizer, volta o tempo da rotina diária, com os problemas do dia-a-dia para resolver. Mas é também neste tempo, que se afinam estratégias políticas e se fazem alguns balanços de actividade.
É sobre esta ultima questão que vou opinar neste meu artigo de hoje.
Tem sido por demais propalado pelo INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica, que agora o CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes, já tem cobertura em todo o território continental, e afirma-se isto como se de uma conquista efectiva se tratasse, como se os doentes urgentes e emergentes, passassem a estar hoje, melhor servidos do que estavam no passado. Quem dera que assim fosse, que os doentes estivessem melhor servidos hoje, do que no passado recente.
Como funcionava então o pedido de urgência e como era encaminhado?
Qualquer urgência era solicitada através do 112 (número nacional de socorro) que era atendida na Policia e encaminhada depois para a Central Telefónica dos Bombeiros, onde se fazia avançar a ambulância para o local.
Agora não funciona assim.
A chamada é atendida na Policia e encaminhada para a Central CODU que se situa em Lisboa, onde é feita a triagem, ou seja onde é perguntado ao utente qual a situação. Só depois é que é solicitada a ambulância aos bombeiros. Depois da ambulância chegar ao local, tem que reportar ao CODU – Lisboa qual a situação e só depois disso é que pode ou não levantar o sinistrado e encaminhar para o hospital ou centro de saúde.
Essa decisão não é dos bombeiros, mas sim do INEM/CODU.
Num caso extremo, pode até acontecer que o INEM entenda que esse doente não é para ser transportado numa ambulância INEM, e mande regressar a referida ambulância ao quartel sem que o doente seja transportado.
Não será um caso inédito, porque já aconteceu em vários locais onde o CODU passou a funcionar.
Acresce salientar que os bombeiros em Portugal têm por força da lei a obrigatoriedade de fazer estes serviços de emergência e de apoio à população, mas a gestão do sistema é da competência do INEM, a quem cabe igualmente, mas em parceria com os bombeiros, o transporte de doentes urgentes e emergentes para os respectivos centros de saúde e hospitais.
Implementar um sistema novo, implica trabalhar em parceria com os bombeiros, o que não aconteceu.
Gerir o sistema implica, por outro lado, que o INEM, pague os serviços que os bombeiros prestam, o que nem sempre acontece, pois quem não tiver serviços contratualizados com o INEM, não recebe verbas. E para quem tem contrato as verbas são manifestamente insuficientes. É uma “pescadinha de rabo na boca”.
O INEM tem actualmente 240 ambulâncias das quais 39 são tripuladas directamente por equipas próprias. Uma está sediada na Cruz Vermelha e 200 estão sediadas nos bombeiros
Convém esclarecer também que este serviço, passou a ser feito neste modelo a partir de 7 de Agosto/2006 e que o CODU – Lisboa, Vale do Tejo e Alentejo é um centro, sediado em Lisboa, e que cobre uma área de 38.216 km2, ou seja, todo o Alentejo, e os distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal, e num universo de 3.826.661 pessoas.
(segundo os números do INEM).
É manifestamente muito território a cobrir e muitas pessoas a apoiar, para que o sistema funcione eficazmente. E por isso as próprias viaturas denominadas VMER – Viatura Médica de Emergência e Reabilitação são insuficientes para cobertura do território. Veja-se o caso do distrito de Beja, onde uma única viatura para todo território tem provocado as situações que são conhecidas.
Mudar para melhor é sempre importante, e sobretudo quando se presta um serviço à comunidade, mas no caso concreto, as melhorias são poucas, as dificuldades são muitas e a confusão é ainda maior.
É por tudo o que fica dito que o descontentamento é geral: população, bombeiros e equipas especializadas de emergência médica.
É tempo (este tempo também) para reflectir e melhorar o serviço prestado às populações. São estas que o reclamam e é o interesse público que o exige.

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