Depois de meses e meses a semear a intriga e a transformar a política num terreno de calúnias, emitindo suspeições e ataques ao PS, ao seu Governo e em especial ao primeiro-ministro, eis que no passado dia 26 de Março o PSD elegeu o seu quinto líder em cinco anos. Ou seja, o PPD-PSD elegeu um líder por ano, demonstrando à sociedade a sua incapacidade de gerar estabilidade no seu seio. É caso para afirmar que no PPD-PSD tem existido obra!
Até à chegada do novo líder a obra no PPD-PSD tem-se resumido ao oportunismo político e às tentativas sistemáticas de julgamento de carácter do primeiro-ministro, um abuso próprio do vazio de ideias e de uma maneira de estar na política que nos obriga a pensar sobre as competências e a seriedade de quem profere tais juízos.
Esperamos, esperam todos os portugueses, que o novo líder resista à tentação da popularidade fácil ou até da simpatia de ocasião, normalmente assentes na demagogia, e que tenha a coragem de agir em defesa dos interesses nacionais.
Em democracia o encargo de governar é fixado, exclusivamente, pelo mandato eleitoral. O Partido Socialista está a cumprir esse mandato de acordo com um programa eleitoral sufragado pelos eleitores, na sua maioria, e continuará a ser dos portugueses o poder de fazer a avaliação e o julgamento do seu desempenho, mas na altura própria.
Exige-se, por isso, ao novo líder do PPD-PSD convicção, responsabilidade e estabilidade, fazendo valer ideias e apresentando propostas. Mas não se podem continuar a aceitar do líder do PPD-PSD as alianças espúrias com a esquerda radical como recursos desesperados para provocar uma crise política, à qual o país não resistirá.
Vivemos esta crise em todo o mundo e Portugal não foge a esta realidade, o que exige por parte de todos uma função de grande de rigor e de indispensável responsabilidade.
A responsabilidade de garantir a estabilidade política é de todos, e do PPD-PSD também, e ainda mais necessária na situação actual, tendo como centro das preocupações e das decisões a resolução dos problemas e os interesses dos portugueses de hoje e do futuro.
Apesar da imagem de unidade que o novo líder se esforçou por passar no congresso de Carcavelos, e que impõe o empenho diário de a construir, espera-se que a mesma não seja apenas uma representação.
Nem tão pouco que as suas ideias para o país e para os portugueses se limitem às generalidades e ao abstracto. Exigir uma revisão da Constituição pressupõe enunciar os pontos de alteração. Convocar um novo modelo nos apoios sociais subentende concretizar as medidas de acordo com as realidades e em conhecimento do que já existe. E para se apregoar uma corrente económica neoliberal impõe-se a clareza e a necessária responsabilidade dos actos, em respeito pelos mercados internacionais e pelo contexto nacional.
Em suma, as ideias só são válidas se construídas com substância e rigor e a unidade será firme unicamente se não for refém das circunstâncias. O que se espera desta nova liderança é que o sentido das palavras corresponda no futuro à realidade, considerando a importância da necessária responsabilidade.
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