Erros que custam caro

Quinta-feira, 12 Dezembro, 2013

Carlos Pinto

director do correio alentejo

Há dias atrás, durante uma conferência em Bruxelas, a toda-poderosa Christine Lagarde admitiu-o finalmente perante todos aqueles que a estavam a ouvir: foi um “erro” obrigar Portugal (e a Grécia) a aplicar um programa de ajustamento financeiro num espaço de tempo “demasiado curto”. “Penso que o FMI não mudou de posição, mas foi o primeiro a dizer ‘atenção, é demasiada consolidação orçamental, demasiado depressa, é preciso dar tempo ao tempo’. E dissemos a mesma coisa tanto para a Grécia, como para Portugal, ou para Espanha, que não estava sob programa”, disse na ocasião a directora-geral do Fundo Monetário Internacional.
Sem que seja propriamente uma grande novidade, ao fazer esta declaração Lagarde acaba por reconhecer que nem tudo foi feito da melhor forma na elaboração e execução do plano de resgate financeiro a Portugal. Um programa que assentou quase exclusivamente na austeridade e em que nas mãos do actual Governo, na ânsia de ser o melhor aluno de uma turma de cábulas, foi levado quase ao extremo, com os resultados que são conhecidos: uma economia anémica, com falências atrás de falências, uma taxa de desemprego galopante e uma carga fiscal que não pára de aumentar a cada dia que passa.
Há erros que, por vezes, custam muito caro. Erros como o que a directora-geral do FMI acaba agora de reconhecer. Mas como diz o povo, “mais vale tarde que nunca”. E pode ser que de ora em diante Lagarde, a “troika” e o Governo compreendam que deve haver mais vida para além da austeridade. Caso contrário, acabaremos todos por morrer da cura e não do mal.

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