Caramba! Já passaram dez anos.
Ainda parece que foi ontem que o meu amigo António José Brito me confidenciou a sua vontade de fundar um novo jornal no distrito de Beja.
Convenhamos que há dez anos já não se afigurava fácil a vida de quem faz da palavra a sua enxada, quanto mais ainda investir numa nova publicação semanal que se pretendia independente e plural no que ao seu objectivo de informar dizia respeito.
Não foram fáceis os primeiros tempos. Os segundos muito menos e os últimos também o não têm sido.
Têm sido tempos de esgadanha. De luta. De uma luta desigual tendo em conta o território desertificado onde não abundam potenciais anunciantes, fonte de ingressos essencial para suster e sustentar toda uma equipa de trabalho.
Mesmo assim, remando contra a maré, aguçando o engenho quando as necessidades assim o impuseram, inventando formas de se reerguer das cinzas quando quase tudo ardia ao seu redor, fez com que chegasse a esta data redonda.
Caramba! Já passaram dez anos!
Serei provavelmente o único coleccionador particular de edições deste jornal. Comecei a fazê-lo por brincadeira. Para mais tarde recordar, como soi dizer-se.
Agora, de quando em vez, posso-me dar ao luxo de revisitar algumas dessas edições longínquas e passear os olhos pelo que foi dito, escrito e fotografado, especialmente nos exemplares mais amarelecidos pela frenética passagem do tempo.
Quando um jornal ganha a patine da sépia, mas, ao mesmo tempo, continua a alimentar os tomos com novas edições que mais tarde também amarelecerão, é sinal de que está vivo. Que deste lado há gente que labuta, que o constrói peça a peça, página a página, caderno a caderno, para que, do outro lado, no fim da linha, na razão da sua existência, exista um leitor, desígnio único para a sua continuidade.
Muitos desses leitores estão espalhados pelo país e pelo estrangeiro, sendo que é através deste pequeno grande jornal que recebem as novas das terras e gentes da sua afeição. No fundo é também esse o papel do “Correio Alentejo”. Levar um pedaço de Alentejo a quem dele mais sente falta.
Perspectivar o futuro não é tarefa fácil. Numa terra onde abalar é um verbo que se conjuga amiúde, seja por morte ou ausência de futuro, vai-se aos poucos esvaziando esta terra. Vão-se pintando de cinzento os amanhãs deste despovoado território.
De qualquer modo, só pelo facto de celebrar esta edição já é sinónimo de sucesso. De orgulho em aqui haver chegado.
Fechado o ciclo de uma década, agora é tempo de arregaçar as mangas e trabalhar afincadamente para que, de edição em edição , possa daqui a outra década começar um texto que diga: Caramba! Já passaram vinte anos!

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