Somos todos pessoas maravilhosas. Somos capazes de trabalhar, de sorrir, de prestar ajuda a quem precisa de nós. Temos frequentemente gestos gentis, atitudes encantadoras, palavras cheias de amabilidade e compreensão.
E é verdade que até somos, muitas vezes, heróis. Nem sempre por realizarmos actos desses que saem nos jornais, mas, a maior parte das vezes, porque sabemos suportar em silêncio a dor, a doença, a injustiça, o cansaço, a monotonia… Porque sabemos estar no nosso lugar quando nos apetecia fugir. Porque temos a coragem de levar até ao fim aquela tarefa que era boa e nobre, mas que deixou de nos entusiasmar.
Sofremos quando vemos uma criança a chorar, quando nos mostram imagens de refugiados, quando sabemos de um acidente que causou vítimas.
Gostamos de ver alegria à nossa volta.
E temos dons muito nossos, que procuramos desenvolver e tornar úteis para os outros: sabemos cantar, ou tocar um instrumento musical, ou fazer versos, ou desenhar…
Mas, depois, há qualquer coisa que não bate certo. Somos desconcertantes: fazemos também coisas que estragam tudo, manchamos as mãos, espalhamos amargura em redor.
Há tantas coisas de que já nos arrependemos!
É certo que nem sempre gostamos de olhar para dentro de nós, para o nosso passado, para as nossas intenções.
Não me parece que sejamos boas pessoas, apesar daquilo que temos de bom. Apesar dos dons, apesar do heroísmo, apesar das virtudes.
É que não chega fazer o bem. Não é suficientemente bom fazer algumas vezes o bem.
O bem que um homem faz, para ser um verdadeiro bem, precisa de ser completado pelo mal que esse homem não faz.
Basta uma nódoa, ou um rasgão, num belo tecido para o inutilizar. Ainda que a parte não afectada continue a mostrar a sua beleza, o tecido já não serve: perdeu a sua integridade. A beleza que sobra já não é a mesma beleza de antes. Não se trata apenas de um defeito: notamos bem que é qualquer coisa de mais profundo que afecta o nosso ser inteiro.
É claro que o perdão apaga a nódoa, mas o perdão nem sempre é fácil; ou pode suceder que não saibamos a quem pedir perdão.
A questão é esta: é relativamente fácil ter, aqui e além, um gesto bom. Basta talvez um momento de inspiração, um sentimento favorável, a ajuda de um agradável dia de sol. Pelo contrário, fazer sempre o bem (evitar sempre o que é mau) exige de nós duas coisas que nos custam muito: a constância e a luta esforçada contra certas más inclinações que arrastamos dentro de nós.
A constância significa dar importância a todas as acções, a todos os minutos, a todas as coisas. E não só a alguns. A luta significa vencermo-nos a nós mesmos e… é tão difícil!
Não, ainda não somos boas pessoas.
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