Balbúrdia e populismos!

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

A 3 de maio, num comício na Escola Secundária de Paredes, no distrito do Porto, e perante dezenas de apoiantes, o candidato da coligação AD (e ainda primeiro-ministro), Luís Montenegro, assumiu que “aqueles que não cumprirem as regras e estiverem em Portugal de forma ilegal” terão de “regressar à sua origem”, sustentando que Portugal tinha “a balbúrdia instalada no setor da imigração”.
As declarações de Montenegro surgiram depois do seu ministro da Presidência, António Leitão Amaro, ter anunciado que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) iria começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias.
Tudo isto espoletou aquela que será, seguramente, a questão essencial destes dias de campanha para as Legislativas: a imigração, ou melhor, a perceção de que há imigração a mais em Portugal, que o Estado paga “fortunas” a quem vem de fora e que estes cidadãos são, na sua maioria, criminosos.
Apesar da realidade não ser de todo esta, há muito que este assunto motiva as mais acérrimas publicações e discussões nas redes sociais, alimentando, em simultâneo, o crescimento de movimentos populistas (que roçam outro tipo de extremismos).
Chegámos mesmo ao ponto de ver (e ler) muitos portugueses que também foram emigrantes criticar… a imigração. Criticam a forma de vestir, o facto de se juntarem em grupos na rua ou por celebrarem datas festivas dos seus países de origem, como se nunca tivessem andado com camisolas do Benfica ou do Sporting nas ruas de Genéve, não se reunissem para o petisco num qualquer centro português em França ou não celebrassem o Dia de Portugal em Bruxelas ao som de Amália.
Mas mais grave que tudo isto é ver partidos com história e responsabilidade (e o Governo que suportam) embarcar por este caminho de populismo fácil e barato, apenas para conquistar mais uns votos. Isto sim, é uma balbúrdia!

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