Agitação social, um barril de pólvora!

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Jorge Pulido Valente

O nosso país viveu na última semana episódios de agitação social extrema que envolveram as mais altas figuras do poder, nomeadamente ministros e Presidente da República, e que evidenciam um crescendo significativo e preocupante dos sinais de descontentamento e revolta da população, face à situação dramática que as exageradas medidas de austeridade têm vindo a criar.
Descontando o peso do aparelho do PCP/CGTP nestes movimentos de contestação, é preciso olhar para estes acontecimentos com atenção para avaliar a sua verdadeira dimensão e significado. O mais errado será ignorá-los ou desvalorizá-los, atribuindo-lhes apenas uma origem partidária e uma intenção política, não percebendo que se trata de um sintoma de uma doença social grave e cada vez mais profunda e generalizada.
Era previsível que este fenómeno iria e irá ocorrer cada vez com mais frequência e gravidade, à medida que as famílias se vêm confrontadas com dificuldades dramáticas e o desespero perante a incapacidade de as ultrapassar e a perspectiva de um futuro negro tomam conta dos seus membros.
O problema irá ainda agudizar-se significativamente depois do Verão, quando os pais forem chamados a pagar as pesadas despesas escolares do início do ano lectivo e quando o efeito retardado do arrefecimento económico e a consequente redução no consumo se fizerem sentir mais drasticamente, com um pico elevadíssimo de falências e despedimentos.
Corremos o sério risco de uma radicalização da agitação social com actos de desespero e de violência nunca antes vistos no nosso país, desde as agressões individuais aos que são meros executores de ordens superiores (por exemplo, funcionários das finanças e tribunais) até às manifestações e confrontos colectivos nas ruas, passando pelas contestações directas aos governantes e mesmo, à semelhança do que se tem vindo a verificar na Grécia, atitudes mais radicais de suicídio na praça pública.
Perante estes sintomas claros e inequívocos de intensificação da crise e da agitação social, o Governo mais não fez do que reforçar a segurança pessoal dos seus membros, o que em nada resolve o problema e, certamente, não evitará alguma situação mais grave.
Neste cenário, falar em novas medidas de austeridade, como o ministro Gaspar pretendia, é pegar fogo ao rastilho do barril de pólvora!

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