Em setembro de 2013 estará no terreno a campanha eleitoral para as eleições autárquicas. Significa isso que está decorrido praticamente 75% do tempo de legislatura autárquica. Entra-se na reta final para um “sprint” que se prevê apertado em muitos concelhos do nosso distrito.
O PSD poderá pagar, sobretudo nos concelhos de média e de grande dimensão, os custos de uma política que tem vindo a empobrecer significativamente os portugueses. Partido de grande tradição autárquica, julgo que o PSD a nível nacional poderá conhecer dissabores vários.
No nosso distrito, contudo, o PSD tem um peso residual, só fortalecido em Almodôvar, em Ourique – onde tem vindo a perder muito no plano autárquico –, e em Alvito e Beja, onde, por vezes, se afirma como fiel da balança nas respetivas vereações.
Quer isto dizer que no distrito de Beja a questão nacional deverá ter um impacto reduzido, uma vez que as grandes decisões serão travados sobretudo entre o Partido Socialista e os comunistas aliados aos verdes.
Importa também salientar que ainda está por decidir se as eleições de 2013 se disputarão já com uma nova lei eleitoral autárquica, pela qual me bato há muitos anos e que prevê fundamentalmente que o presidente da Câmara seja o elemento mais votado da lista para a Assembleia Municipal, ou pelas regras que têm vindo a vigorar há quase quarenta anos e que não fazem qualquer sentido.
Contudo, e quaisquer que sejam as regras, as “batalhas políticas” maiores confrontarão as duas maiores forças de esquerda – mas de esquerdas bem diferentes, da nossa região.
Olhemos resumidamente para a capital de distrito, Beja.
Quem governou o Município durante 35 largos anos sabe que a melhor possibilidade que tem é recuperar a capital de distrito logo na eleição seguinte. Politicamente pode ser muito complicada a vida da CDU em Beja se sofrer segunda derrota consecutiva. Pode dar-se o mesmo que se deu em tantos concelhos onde sucedeu, que, perdendo uma primeira vez e não recuperando logo de seguida, se cristalize o PS no poder durante um período de tempo maior. Foi assim em Évora, em Grândola, em Ferreira do Alentejo e em Odemira, por exemplo. Locais tradicionais de domínio vermelho durante muitos anos, mas em que, pese a persistência típica dos comunistas, não se afigura fácil sair da sombra e reconquistar as autarquias.
Já noutros concelhos, como Vidigueira ou Barrancos, na nossa zona, ou noutros na margem sul do Tejo, como Barreiro ou Alcochete, por exemplo, a CDU conseguiu recuperar o poder ao PS logo na eleição seguinte e cimentar-se nas legislaturas autárquicas seguintes.
Ora esse é o desafio que se coloca em Beja. É quase uma questão de tudo ou nada. Quem vencer as próximas eleições no concelho de Beja poderá eventualmente fazer um ciclo maior no futuro. São por isso eleições verdadeiramente aliciantes aquelas que se aproximam. Creio que disputadas de forma renhida e apertada em que ninguém tem a certeza de ganhar. O concelho de Beja, fruto de um conjunto de freguesias rurais com forte carga histórica, é sociologicamente comunista sem margem para dúvida. Porém, o PS tem vindo a ter sucessivamente excelentes resultados no concelho, sobretudo na malha urbana e numa ou noutra freguesia rural, nas eleições europeias e, acima de tudo, nas legislativas, culminando essa sequência com a vitória de Jorge Pulido Valente em outubro de 2009.
Nestes quase três anos de mandato decorridos podemos fazer vários balanços intermédios, quer à atividade da Câmara, quer à ação das oposições. E um das análises que temos de fazer reside em conhecer as propostas alternativas apresentadas pelas oposições à esquerda do PS ao longo destes quase três anos ao atual executivo.
Lembra-se de alguma caro leitor? Recorda-se de um só motivo – só lhe peço um – pelo qual em dezembro último Bloco de Esquerda e a coligação liderada pelos comunistas votaram contra o orçamento municipal de Beja? Pense numa proposta forte, alternativa, que tenha vindo a conhecimento público e que fosse exequível no atual quadro orçamental. Está difícil, não está? É normal. Não se assuste. O problema não é seu. É que olhar para as propostas alternativas da oposição ao executivo da Câmara de Beja é como abrir uma arca frigorifica vazia e ficar desolado a olhar lá para dentro. Não deixa de ser enigmático que quem esteve na Câmara durante mais de três décadas, e que ambiciona legitimamente reconquistar a mesma, não tenha dito nada sobre assunto nenhum.
Três anos de vazio absoluto.
Uma palavra extra nesta crónica para destacar a ação notável e heróica das corporações de bombeiros do nosso país, ao longo das últimas semanas, acorrendo a um sem número de incêndios e evitando males muitas vezes maiores. Uma palavra de profunda e de sentida solidariedade para aquelas corporações que perderam homens e mulheres no combate às chamas ou em acidentes de viação quando se dirigiam para as ocorrências, bem como para os nossos concidadãos que tudo perderam fruto do fogo, vendo por vezes vidas inteiras de trabalho serem consumidas em escassos minutos. Para esses admito que uma palavra de ânimo não baste.
<b><i>Por vontade do autor, o exto está escrito segundo o novo acordo ortográfico</i></b>