Vim para o Alentejo há precisamente 30 anos. Radiquei-me em Aljustrel onde ainda exerço actividade profissional, mas resido desde há alguns anos em Beja.
Acompanhei, por isso, de perto e rejubilei como tantos milhares de pessoas, com as vitórias eleitorais do Nelson Brito em Aljustrel e do Jorge Pulido Valente em Beja.
Que foram as vitórias da serenidade pessoal dos candidatos, dos projectos eleitorais apresentados e do querer das populações na mudança, para haver mais liberdade e na esperança de maior e melhor desenvolvimento social e económico.
Nelson Brito, um jovem de 34 anos, cujo futuro político deve merecer a melhor atenção ao Partido Socialista, tinha já demonstrado nalguns cargos de chefia as suas qualidades de líder, agora confirmadas ao conquistar uma Câmara difícil, através de uma equipa jovem, competente e com ideias para Aljustrel.
Para quem entrava na vila antes das eleições, o espectáculo da avenida principal, repleta de fotografias do candidato comunista, sem deixar qualquer espaço para os adversários, era repugnante. Afinal e se calhar, o único espaço disponível era mesmo a Câmara, e o Nelson, de bom grado, foi ocupá-la.
Jorge Pulido Valente conquistou a Câmara de Beja com dois “pilares fundamentais”. O primeiro pilar tem a ver com a sua simplicidade e eficácia pessoais. O segundo pilar foram os muitos pilares apresentados durante a candidatura, discutidos com a cidade, sedimentando a partir deles uma arrancada sólida e vitoriosa, baseada na proposta das mais variadas soluções, que foram o seu programa eleitoral.
Não vou perder tempo com o seu adversário, um médico competente e como tal considerado, mas como pessoa intratável, e como político ao nível do “reles funcionário” que chamou a Jorge Pulido Valente. O ex. sr. presidente da Câmara teve, aliás, a amabilidade de me telefonar a seguir às últimas eleições autárquicas, para me chamar “estalinista” por ter denunciado na altura o afastamento do António José Brito da direcção do “Diário do Alentejo”, apesar do magnífico trabalho de recuperação e credibilidade do jornal feito pelo jornalista. Seguiram-se as trapalhadas e atropelos à Lei quanto ao número de Câmaras da Associação de Municípios, levadas a cabo pelo PC local para assegurar o controlo do jornal, com os resultados que estão à vista. Resta-me dizer a esta gente que quem lutou contra o fascismo assusta-se pouco com comunistas, já que em nome da liberdade a resistência tem de ser igual.
A ideologia comunista vai caducando por esse mundo fora. Em Portugal, o sr. Jerónimo e os seus ortodoxos utilizam os mais grosseiros e insultuosos métodos para manter os últimos feudos, que vão caindo inexoravelmente. Nestas autárquicas vejam os argumentos desta rapaziada. Em Lisboa, quando António Costa propôs uma lista de unidade, os comunistas preferiram apresentar uma lista bacoca com o sr. Ruben, favorecendo a eleição de Santana Lopes. Isto por causa das “políticas de direita” do PS. Perante a vitória de António Costa contra todo a direita ( PC incluído), lá veio o Jerónimo vociferar contra o PS, mas sublinhando o reforço da CDU (se calhar em patetice). No Alentejo, e apesar do forcing desesperado do cavalheiro nos últimos dias de campanha, sempre com grandes jantares de militantes de esquerda, que as televisões não iam mostrar (acusava o rapaz), mas que afinal apareciam nos telejornais, e com as ruas cheias de trabalhadores (também de esquerda), o habitual reforço da CDU, perdeu para o PS as câmaras de Beja e Aljustrel. E como foi isso possível? O sr. Jerónimo explicou vociferando. Foi a direita que votou com o PS. Então, afinal o PS não é de direita? Ao mesmo tempo o sr. Santana Lopes dizia em Lisboa que o PS ganhou porque a esquerda votou com o PS. Estão a perceber? E se a gente aconselhasse esta gente a dar uma volta ao “Bilhar Grande”, a tentar ganhar juízo se ainda forem capazes, e que o Santana ande mais por longe do que por aí e que o sr. Jerónimo faça um retiro espiritual com o patusco do Bernardino, a ver se percebem de uma vez por todas porque é que apesar do barulho da rua, das “manifes” dos professores, das políticas de direita, dos maiores jantares de sempre, da tal defesa dos trabalhadores e das atitudes arruaceiras contra o Governo na campanha eleitoral, os portugueses votam afinal maioritariamente no PS? Claro que eles nunca irão perceber, até porque cada um só dá o que pode!
E do outro lado tivemos a d. Manuela da “asfixia democrática”. De quem se esperava poder credibilizar um partido, que se começou a afundar há alguns anos com o mergulho ridículo do prof. Marcelo no Tejo até ao aparecimento recente dos camelos laranjas na nossa cidade. A senhora da política de verdade que apresentou um tal sr. Preto, a contas com a justiça, como candidato ao Parlamento, e apadrinhou nestas eleições autárquicas candidaturas como as de Lisboa e Ourique. Esta senhora, agora asfixiada dentro do seu próprio partido, esquece-se da falta e da importância que um PSD credível tem na vida política portuguesa. Daí a urgência que a senhora deve ter em pôr-se ao fresco, antes que o “Paulinho das Feiras” lhe roube a clientela. E já agora deixem-me dizer-lhes que vários amigos que foram à Feira de Castro Verde não viram lá o “Paulinho”. Ter-se-á esquecido da maior e mais antiga feira do país? Ou já não há eleições?
Mas voltemos às coisas sérias e voltemos ao Nelson Brito e ao Jorge Pulido Valente. Permitam-me destacar a sua coragem em concorrer contra um partido cuja chantagem eleitoral, segundo testemunhos credíveis, foi até perto das mesas de voto no dia das eleições. A sua vitória fica a dever-se às suas personalidades pessoais, ao trabalho das suas equipas jovens, organizadas e com vontade de vencer, e fundamentalmente à vontade de mudança das populações que com a razão popular do seu voto gritaram “Liberdade” na noite eleitoral.
E deixem-me sublinhar o esplêndido discurso de vitória de Jorge Pulido Valente em Beja, atribuindo todo o mérito à equipa que o apoiou, a toda a cidade, prometendo trabalho, e saudando os vencidos que tanto o injuriaram em campanha, mas demonstrado que em todos os momentos há uma diferença entre os que querem de facto servir a cidade de Beja e os que se serviram dela ou pretendem servir-se.
Não tenho qualquer dúvida em acreditar que o Nelson Brito, o Jorge Pulido Valente e as suas equipas vão corresponder às expectativas criadas junto das populações, através da execução dos seus programas eleitorais. Que se vão traduzir numa maior dinâmica económica, social e cultural. E que lhes vão permitir pela sua acção, quebrada a influência comunista nas Câmaras, voltar a ganhar com maior vantagem daqui por quatro anos.
Uma palavra de parabéns ao Pedro do Carmo, pela sua retumbante vitória em Ourique, a provar que os “Isaltinos” começam a ser fenómenos de excepção eleitoral, apesar da campanha menos ética dos opositores. E também a minha homenagem ao António Costa, que mostrou em Lisboa que vale sempre a pena a coragem de avançar com o trabalho feito e com a seriedade, mesmo sozinho, contra as megalomanias santanistas, apoiadas numa larga coligação reaccionária, onde o PC assentou que nem uma luva. Como disse, ganharam os que apostaram na unidade. Perderam os que quiseram dividir.
Os dados autárquicos estão lançados. Como é costume, todos os líderes partidários cantaram vitória, excepto o Bloco de Esquerda, que, como já disse aqui, está de passagem. Mas de facto, só quem teve mais votos é que vai ocupar as presidências de Câmara. Os meus parabéns a todos e que façam o melhor pelas suas terras e por este país.

Legislativas. PS do Baixo Alentejo admite necessidade de “séria reflexão e transformação do partido”
O PS do Baixo Alentejo reconhece ter perdido as eleições Legislativas de domingo, 18, na região e no país, considerando ser necessária “uma séria reflexão