A dança das Autárquicas

Sexta-feira, 8 Fevereiro, 2013

Jorge Rosa

Encerra em Outubro de 2013 um ciclo autárquico, mas logo se inicia outro por mais quatro anos. Mais de metade dos presidentes de Câmara do país têm três ou mais mandatos, e perante a nova lei não se podem recandidatar. O que obriga os partidos políticos, e nalguns casos os movimentos de independentes, a ter novas opções para os cabeças de lista. Com pouca imaginação e opções, alguns optam pelos mesmos candidatos com três ou mais mandatos, mas a outro concelho, contornando assim a lei. Esta situação está ainda para ser confirmada, havendo já quem afirme impugnar judicialmente estas recandidaturas se tal se verificar.
Noutros concelhos, onde vai havendo dificuldade de escolha, repetem-se opções do passado, de pessoas que já foram, entretanto saíram por opção dos eleitores, por não terem cumprido, e agora querem voltar. Será que conseguem? Independentemente do resultado, um facto se demonstra claro. Necessitando do voto dos eleitores desse concelho, não é seguramente por estes que se tomam essas opções. É por decisão das forças politicas, e nalguns casos por imposição dos candidatos, mas sempre pelas razões erradas, que é a tentativa de chegar ao poder, de determinado partido ter mais uma autarquia, ao invés de ser para contribuir para a melhoria das condições de vida desses munícipes e pelo desenvolvimento desse concelho. E com esta opção recomeça a época da dança autárquica. Os candidatos sem vocação, apresentam-se ao povo uns meses antes das eleições, e tal qual atores numa novela de segunda categoria, distribuem apertos de mão, pagam copos nos cafés, prometem estágios, empregos, começam a frequentar tudo o que é acontecimentos sociais, tais como as populares festas de verão, entre outros. Desaparecidos três anos e meio da circulação, governando apenas a sua vidinha, eis que renascem para as autarquias, e para uma candidatura autárquica. Percorrem montes e aldeias onde nunca tinham ido, chegando a perder-se nas ruas, cumprimentam e distribuem abraços por quem não conheciam, fazendo quilómetros em estradas onde apenas tinham passado uma ou duas vezes. Passadas as eleições, e obtendo um resultado inevitável, voltam a ficar na sombra, desaparecendo por mais uns anos, esperando, talvez, nova oportunidade.
O povo é soberano na decisão do seu presidente de Câmara. Contrariamente a tempos já passados, agora todos estão devidamente informados e sabem quem querem nesta função. Fazem a sua opção olhando às pessoas, e percebem quem verdadeiramente se interessa. Sabem quem lhes chega ao pé durante os quatro anos, quem os ajuda, quem os cumprimenta com gosto de os encontrar, quem frequenta as festas populares por prazer, fazendo isso todos os anos e não apenas em ano de eleições. Hoje as pessoas sabem quem trabalha pela sua terra, sabem quem o faz por amor, com vocação, entregando-se a um trabalho que só sai bem se realmente for feito com gosto, com vontade, com rigor e empenho. Só assim se apresenta obra feita, se auxilia quem precisa, e se melhora as condições de vida dos seus concidadãos. Não é presidente de Câmara quem quer, é quem pode. Quem é escolhido pelo povo pela sua vocação. Não basta os seis meses de abraços e apertos de mão. É preciso verdadeiro empenho, verdadeiro interesse, por todo o tempo dos quatro anos de mandato. Só assim se pode continuar a olhar, olhos nos olhos, as pessoas. Esta é a minha opinião, é assim que eu desempenho a função que me confiaram.

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