Ciclistas de Castro Verde fizeram a “Rota Raiana”

De Caminha a Castro Verde são 1.440 quilómetros de distância. Talvez de carro o caminho seja “mais curto”, mas foi de bicicleta que os castrenses José Tomé dos Anjos e João Matos se lançaram nesta “aventura” de percorrer o Portugal “da raia”, passando por montes, vales e muitos locais ermos.

“Nesta volta deu para perceber que o país está todo à beira-mar. E também deu para perceber que o país está ‘concentrado’ a norte. Entre Montalegre e Bragança senti-me como no Alentejo numa primavera há 50 anos. As aves, os insetos… estava ali tudo”, conta ao “CA” José Tomé dos Anjos, de 69 anos. “Há diferenças entre as regiões e diferenças muito grandes. O interior está esquecido, desabitado”, acrescenta.

“Nas bicicletas conseguimos inteirar-nos de certas coisas que, de carro, é impossível. Sons, imagens… Não há como andar de bicicleta”, complementa João Matos, 62 anos, que teve a ideia de desafiar o seu amigo para percorrer a “Rota Raiana”, depois de em 2019 terem feito a Estrada Nacional 2 de Chaves a Faro e, em 2021, a “Rota Atlântica”, de Caminha a Vila Real de Santo António (e depois Castro Verde).

O percurso arrancou a 24 de maio, também em Caminha, e terminou a 6 de junho, já em Castro Verde, depois de 11 “etapas” que levaram os dois ciclistas pelo interior raiano do país. A acompanhá-los estiveram as respetivas esposas, que tratavam de toda a “logística” enquanto os maridos se dedicavam a pedalar.

“Andamos quase sempre por estradas municipais”, diz José Tomé dos Anjos, explicando que tudo foi preparado “desconhecendo totalmente o terreno”. “O João preparou umas folhas com ideias de etapas e depois, através do Google Maps e do Google Earth, víamos as altitudes e o relevo do terreno. Quando fomos daqui [de Castro Verde] já íamos com as etapas definidas”, conta.

Ciclistas de Castro Verde fizeram a “Rota Raiana”
Enquanto José Tomé dos Anjos e João Matos percorriam os 1.440 quilómetros da “Rota Raiana”, coube às respetivas esposas tratar de todo o “apoio logístico” necessário, desde marcar as estadias a escolher os locais para as refeições. “Foram um apoio essencial”, sublinham ambos os ciclistas.

A tiradas tiveram uma média de 130 quilómetros cada, mas as três primeiras foram mais curtas devido à montanha. E se inicialmente estavam previstas 10 etapas, acabaram por ser 11 devido à intempérie que apanhou os dois ciclistas castrenses na zona de Mourão, no distrito de Évora.

“Foi preciso chegar ao Alentejo para ‘molharmos o pelo’”, diz a gracejar João Matos, que faz um balanço positivo desta experiência. “Para as nossas idades, a coisa não correu mal. Também estávamos bem preparados, mas em termos de dureza esta [volta] foi muito mais dura que qualquer uma das anteriores”.

Cumprido mais este desafio, José Tomé dos Anjos e João Matos já pensam na próxima aventura. Que deverá ser em 2023, fazendo a EN 2 de sul para norte (Faro-Chaves) e seguindo depois para Santiago de Compostela, em Espanha.

“Só não vamos se não pudermos de maneira nenhuma”, garante José Tomé dos Anjos, para quem estas viagens são uma forma de mostrar que as pessoas “podem muito mais do que aquilo que pensam” devido à idade. “Basta não ficar pegado à cama, ao sofá ou aos bancos”, conclui.

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Correio Alentejo

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