A devoção das gentes de Castro Verde a São Miguel, o “príncipe dos Anjos”, é o mote da exposição “Sob os auspícios de São Miguel”, que pode ser vista até domingo, 11, na Igreja dos Remédios, nesta vila do Campo Branco.
A mostra é uma iniciativa promovida pelo pároco local, Luís Miguel Fernandes, a Comissão Fabriqueira de Castro Verde, o Tesouro da Basílica Real e um grupo de colaboradores, dando a conhecer várias peças históricas e muito do património religioso relacionado com São Miguel existente em todo o concelho de Castro Verde.
“Como as coisas a maior parte do tempo permanecem esquecidas ou até mesmo desvalorizadas, a grande intenção desta exposição é salientar o papel importante da devoção a São Miguel nas nossas gentes e o quanto há ainda de histórico no seu simbolismo não só religioso, mas cultural e social”, explica ao “CA” o padre Luís Miguel Fernandes.
Segundo o pároco, “independente das voltas e viragens históricas”, a vila e o concelho de Castro Verde “tem a sua origem e desenvolvimento na grande tradição católica, como o comprova a maior parte do património religioso-turístico” que hoje oferece aos seus visitantes. Além do mais, continua, “toda a ermida de São Miguel é um tesouro esquecido ou infelizmente pouco valorizado, porque em grande parte desconhecido”.
É esta realidade, sublinha Luís Miguel Fernandes, que a exposição pretende alterar, dando a conhecer aos visitantes peças como a caixa de esmolas da ermida e as suas três chaves, “cada um com um representante específico sem os quais não podia ser aberta”, “os livros de contas da Confraria de São Miguel, desde 1714 até 1756”, uma imagem do arcanjo “datada do século XVII-XVIII, sinal por excelência da presença e do culto que lhe era prestado”, ou o cálice de prata dourada, “trabalho português do século XVIII, que tem bem definido ‘He de San Miguel’ (É de São Miguel)”.
A estas juntam-se, entre outras peças, uma reprodução do único frontal em azulejos do século XVIII que existe no concelho e que está patente na Igreja das Almas, em Santa Bárbara de Padrões, onde surge “como figura única e central” o Arcanjo São Miguel. Da Paróquia de São Marcos da Ataboeira veio uma imagem do Arcanjo datada de finais do século XVIII, enquanto o Lar Jacinto Faleiro emprestou a sua “magnífica imagem de São Miguel”, do século XVII-XVIII.
Além de dar a conhecer o património religioso local associado ao “príncipe dos Anjos”, a exposição “Sob os auspícios de São Miguel” é também uma forma de contribuir para a terceira fase das obras de requalificação da Basílica Real de Castro Verde, já a decorrer, uma vez que as entradas revertem na totalidade para esta empreitada.
“Ao mesmo tempo que conhecemos e valorizamos o nosso património, redescobrimos a nossa identidade como povo, avivamos a nossa memória colectiva e… ajudamos no restauro da Basílica Real de Castro Verde. [
] É um modo de todos ficarmos a ganhar e de nos ajudarmos mutuamente, como só a boa vontade e o interesse do nosso povo o sabe tão exemplarmente demonstrar”, sublinha o padre Luís Miguel Fernandes.
Depois desta mostra, continua o pároco, há já outra exposição em preparação, dedicada a Nossa Senhora do Rosário e que deve abrir portas no dia 25 de Outubro. “Será outra realidade a redescobrir ou a conhecer, já que as nossas gentes têm um carinho especial por esta invocação de Nossa Senhora”, justifica Luís Miguel Fernandes.
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