“Castrense vai lutar pelos lugares cimeiros”

“Castrense vai lutar

Dois meses depois de ter assumido o comando técnico do FC Castrense, Rúben Lança revela ao “CA” o trabalho que tem sido desenvolvido e reconhece que foi um desafio “arriscado” aceitar o convite para orientar a formação de Castro Verde.

O último jogo do FC Castrense, a 6 de Março com o Piense, terminou com uma vitória, a primeira desde que assumiu o comando técnico da equipa. Esse resultado aliviou a “ansiedade” do plantel, que já não ganhava há muitas jornadas?
Foi uma vitória importante, até porque vínhamos de boas exibições. Já merecíamos a vitória antes e claro que esta vitória ajudou a aliviar um pouco a pressão que este plantel tinha às costas.

O FC Castrense tem mais oito jogos de campeonato até final da época. Onde pode chegar a equipa?
Desde o primeiro dia que tenho dito que o Castrense, neste momento – com este novo paradigma e um modelo de futebol sénior totalmente reestruturado –, tem de pensar jogo-a-jogo e tem de fazer crescer os inúmeros jovens que temos no plantel. Que podemos então fazer? Em primeiro lugar vamos lutar em todos os jogos para ganhar. Vamos certamente ser uma equipa mais serena e tranquila do que fomos nos últimos jogos, porque esta vitória [diante do Piense] também traz isso. E podemos garantir que vamos tentar fazer bons jogos, praticar bom futebol e dignificar a camisola do FC Castrense.

Se o título é uma ilusão, chegar ao pódio ainda é possível?
O historial do Castrense assim o obriga! Vamos lutar pelos lugares cimeiros, até porque a diferença pontual é pouca e qualquer fim-de-semana pode alterar completamente a classificação. Mas temos o objectivo de chegar lá acima! O plantel é muito jovem, falta muita experiência, mas há qualidade e muita margem de progressão. E nós estamos a trabalhar fortemente neste capítulo, de fazer crescer os jovens, de fazer crescer a equipa em todos os momentos do jogo. Acredito que, se tudo correr bem e o trabalho que está a ser feito no treino for passado para o momento competitivo, certamente que estaremos em posições muito mais agradáveis do que estamos agora.

Admite que a mudança de filosofia que houve no clube em relação ao futebol sénior condicionou as ambições da equipa nesta época? Os sócios talvez esperassem o Castrense envolvido na luta pelo título…
Sem dúvida que esta alteração da linha orientadora veio trazer alguma frustração a alguns adeptos. Compreendo isso, mas tendo em conta os últimos anos e as vezes que íamos ouvindo muita gente a pedir mais atletas da terra, mais atletas da formação, mais atletas próximos de Castro Verde, agora só temos de trabalhar no sentido de passar esta primeira ‘tempestade’ – que é natural, pois o Castrense tinha sempre equipas fortíssimas e com olhos postos na subida ou na manutenção no Campeonato Nacional de Seniores. A verdade é que neste momento é preciso ir passo a passo e ver que estes miúdos precisam de tempo e de apoio. Porque sem apoio certamente que não vão crescer!

Quando assumiu funções como encontrou a equipa? Era um grupo resignado com a sucessão de maus resultados ou sentiu um plantel com vontade de dar a volta à situação?
Foi um misto dos dois… Sabemos que por muito fortes que sejamos mentalmente, as derrotas e os maus resultados não ajudam. Mas encontrei um plantel com muita vontade de trabalhar e isso no futebol, ainda mais na nossa realidade, é bastante importante. E encontrei um plantel com muita vontade de evoluir e de querer dar a volta.

Esta é a sua primeira experiência como treinador principal no futebol sénior masculino, começando a meio da época e num ciclo de resultados negativos. Reconhece que é um desafio arriscado?
Foi, sem dúvida! Já tinha tido experiência como adjunto e preparador físico nos seniores do Castrense na então 3ª divisão nacional e depois no distrital, com o mister Mário Tomé, e ficou o ‘bichinho’. E treinar uma equipa da dimensão do Castrense é sempre um sonho realizado, ainda mais sendo da terra. É uma honra e estou muito contente! Mas reconheço que o desafio é muito complicado. Os resultados não estavam a aparecer, algumas goleadas, muita pressão dos adeptos… Mas como costumo dizer, se não agarrarmos as oportunidades na vida, elas passam e ficamos sempre na incerteza se tinha resultado ou não. E eu não quis ficar na incerteza! Estou no Castrense por paixão e sinceramente não queria deixar passar esta oportunidade. É difícil? É muito difícil! Mas não sou homem de deixar passar as oportunidades e de me esconder atrás das dificuldades. Aceitei e até agora não me arrependi de nada.

Como treinador, que ambições acalenta? Onde pretende chegar?
Sou da área do Desporto e adoro abraçar desafios nesta área e tentar superar-me. Não sou de ficar sentado à espera que as coisas aconteçam… É por isso que, desde a patinagem ao futebol, tenho feito de tudo um pouco e com algum êxito, o que me deixa orgulhoso. Mas o trabalho não é só meu e as minhas equipas técnicas têm ajudado bastante e nada se faz sozinho. Em termos de ir mais além, neste momento gosto do que estou a fazer, ainda mais de treinar a equipa sénior da minha terra. Não podia pedir mais neste momento em termos de carreira como treinador. Mas vou levando isto um passo de cada vez, um jogo de cada vez, uma época de cada vez. Só penso em ajudar os meus atletas a subir de rendimento e a conseguir outro tipo de resultados.

De que forma a sua experiência no futebol feminino – três anos de campeonato nacional – tem sido útil nesta nova etapa?
Por mais estranho que pareça, está a ser muito útil! Até porque quando peguei na equipa feminina do Castrense no nacional também passei por uma remodelação quase total do plantel, com a entrada de miúdas muito jovens que precisavam de crescer. E a verdade é que o paradigma [nos seniores masculinos] é parecido. Temos um plantel muito jovem, que precisa de crescer. E em todos os trabalhos que fazemos, em todas as equipas que treinamos, vamos tirar ensinamentos para o futuro. Neste momento sou um treinador muito mais experiente e mais maduro. E utilizo tudo o que posso em prol da minha actual equipa.

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Correio Alentejo

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