BE diz que “ganância” da agricultura causou enxurrada em Ervidel

Ervidel - cheia (jan 2025)

O Bloco de Esquerda (BE) considera que foi a “ganância” da agricultura superintensiva a responsável pelo “rio de lama” que se formou na zona baixa de Ervidel, no concelho de Aljustrel, na noite de domingo, 5.

“A ganância pelo lucro máximo espezinhou a segurança das populações e as mais elementares boas práticas agrícolas”, frisa a Coordenadora Distrital de Beja do BE, em comunicado enviado ao “CA”.

Em causa está o “rio de lama” que se formou, no domingo à noite, na zona baixa de Ervidel, com terra e plantas de um olival recentemente plantado a invadir os quintais das casas e o espaço público.

Segundo a presidente da Junta de Freguesia de Ervidel, Andreia Piassab (PS), “os quintais ficaram todos cheios de lama e as ruas ficaram intransitáveis”.

A autarca acrescentou que os trabalhos de limpeza mobilizaram trabalhadores e equipamentos da Câmara de Aljustrel e da Junta de Freguesia de Ervidel e também os bombeiros.

No comunicado, o BE indica que os detritos eram provenientes “da área de 120 hectares de olival superintensivo recentemente implantada em redor da aldeia”.

“Neste caso, os camalhões escorrem diretamente para os quintais e as ruas de Ervidel, em vez seguirem um traçado paralelo ao perímetro da aldeia, sem valas de escoamento das águas pluviais e de rega com fertilizantes e fitofármacos que acabam por se infiltrar nos solos”, critica.

Para o BE, “além de avultados prejuízos que devem ser assacados aos responsáveis por este desastre ambiental”, esta situação faz com que a saúde pública esteja “ameaçada pela invasão descontrolada de olival superintensivo e de outras monoculturas, como o amendoal”.

Por isso, lê-se na nota, “é preciso apurar responsabilidades pelo desastre de Ervidel, obrigando a reparar os danos causados à população e às entidades públicas (autarquias, bombeiros) que estiveram na primeira linha de resposta, mas também os danos causados aos solos mobilizados por práticas agrícolas agressivas e gananciosas”.

Segundo o BE de Beja, “Ervidel não é, infelizmente, um caso isolado”, uma vez que “a proliferação de culturas intensivas e superintensivas torna os territórios mais vulneráveis face a fenómenos de erosão e desertificação dos solos, seca prolongada e alternada com enxurradas de violência inédita”.

“As responsabilidades são vastas, a começar nos governos e partidos políticos que no parlamento rejeitaram todas as propostas de ordenamento agrícola que impunham regras”, conclui.

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