Agostinho Moleiro edita livro de memórias

Uma homenagem aos seus pais e, também, “àquelas famílias que, do nada, fizeram tudo pelos filhos” – é desta forma que o médico pediatra Agostinho Moleiro, de 75 anos, descreve o seu mais recente livro, O Filho do Sapateiro – Valentino, apresentado em Beja no passado mês de Dezembro.

Agostinho Moleiro nasceu em 1945 em Aboboreira, uma pequena aldeia da Beira Baixa, no seio de uma família modesta. O pai era sapateiro, a mãe trabalhava no campo e tratava das lides caseiras. Ambos eram analfabetos. Uma realidade que fez com que o sexto filho deste casal nunca ousasse sonhar alto.

“Sendo filho de um sapateiro, esteve sempre fora das minhas perspectivas estudar ou tirar um curso”, admite Agostinho Moleiro ao “CA”.

Mas a vida não é linear e o nosso destino não se traça à nascença. Que o diga Agostinho Moleiro, que se formou em medicina em Coimbra e, mais tarde, mudou-se para Beja, onde hoje é um dos mais reconhecidos pediatras da região e ainda dá consultas, apesar dos seus 75 anos. “Enquanto me sentir bem, com capacidade intelectual e profissional, vou continuando a trabalhar”, assevera.

É precisamente este longo percurso de vida que o médico agora recorda em O Filho do Sapateiro – Valentino, escrito na terceira pessoa e que tem como personagem “Valentino”, alcunha que Agostinho Moleiro teve em criança.

“É um livro sobre memórias circunstanciadas, ou seja, é a trajectória da minha vida e de tudo aquilo que ocorreu paralelo a ela, nomeadamente circunstâncias regionais e nacionais. No fundo, é um livro que dá conta daquilo que foi a minha trajectória nos diversos contextos que foram sucedendo nestes últimos 75 anos”, conta.

Mais que um livro de memórias, O Filho do Sapateiro – Valentino assume-se como um gesto sentido de homenagem: “Aos meus pais e a todas as famílias – e ainda hoje há milhões – que deram as mesmas circunstâncias de vida aos seus filhos e que fizeram tudo o que puderam pelos filhos”, diz.

Esta não é, contudo, a primeira incursão de Agostinho Moleiro na escrita. Anteriormente tinha lançado duas obras que tiveram por base o seu percurso profissional enquanto pediatra. O Filho do Sapateiro – Valentino até já estava “em embrião” na sua cabeça há algum tempo, mas acabou por ser “acelerado” pela pandemia que entretanto chegou a Portugal.

“Este livro ‘nasceu’ do confinamento da Covid-19 e foi escrito mais ou menos durante estes meses. Quis escrever algo diferente, mais sobre mim e sobre a sociedade que me envolve. Foi, de certa maneira, um virar interior”, revela.

Lançados livros sobre o seu percurso pessoal e também sobre a sua carreira profissional, a questão surge com naturalidade: “E para quando um livro com as suas memórias políticas?” (Agostinho Moleiro foi deputado do PS e governador civil de Beja).

A pergunta faz sorrir o médico pediatra, respondendo que não foi “propriamente um político”, mas sim “um civil na política”. “Mas devo dizer que gostei muito [da política], pois do ponto de vista sociológico e da avaliação global da sociedade é muito importante. Gostei muito desse período, que foi diferente”, conclui.

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Correio Alentejo

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