Apoiar os criadores da raça bovina Garvonesa na produção e comercialização é o principal objetivo da nova cooperativa Farrusca, criada no final do passado mês de março e com sede em São Martinho das Amoreiras, no concelho de Odemira.
A Farrusca – Cooperativa de Criadores de Bovinos da Raça Garvonesa ou Chamusca conta atualmente com 22 associados, todos eles criadores, tendo como metas melhorar as condições de mercado, estabelecer parcerias para criação de um centro de testagem e obter as necessárias certificações para a comercialização de carne desta raça.
Esta cooperativa “vem na sequência de dar resposta a uma necessidade dos criadores, para lhes dar uma mais-valia. Nestes anos todos tem havido um grande esforço e muito ‘amor à camisola’ para conseguirem sobreviver com a raça”, sintetiza ao “CA” o presidente da Farrusca, António Aires.
A nova entidade é igualmente consequência do trabalho que a Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), com sede em Castro Verde, “tem feito ao longo dos anos”, continua o dirigente, sendo seu objetivo “é divulgar, preservar a raça e aumentar o efetivo reprodutor”.
Segundo António Aires, que lidera também a AACB, entidade que gere o livro genealógico da raça, os criadores decidiram avançar para a criação desta nova cooperativa para fazer face às inúmeras “burocracias” existentes, sobretudo, nos processos de pedido de denominação de origem e de certificação.
Esta cooperativa “vem na sequência de dar resposta a uma necessidade dos criadores, para lhes dar uma mais-valia”, sintetiza ao “CA” o presidente da Farrusca, António Aires
“A AACB tem cerca de 1.000 sócios e estamos a falar de 22 criadores [da raça bovina Garvonesa]. Isto dificultava-nos a vida, dadas as burocracias dos processos, na adesão a determinadas marcas e em protocolos que queremos estabelecer e que saem do âmbito da associação”, explica.
Em simultâneo, continua, dado esta ser uma região de pecuária extensiva, “onde prevalece o bem-estar animal”, a cooperativa pretende vir a “certificar esses processos todos, para dar uma garantia de qualidade ao consumidor”.
António Aires acrescenta que a escolha de São Martinho das Amoreiras, no concelho de Odemira, para sediar a nova cooperativa deve-se ao facto da localidade se encontrar naquele que é considerado o “solar da raça”, na chamada “zona de transição” entre as planícies do sul e a serra algarvia.
A criação da Farrusca surge num momento em que existe um efetivo da raça Garvonesa de 700 animais adultos fêmeas e 30 machos e cerca de um ano depois da parceria estabelecida entre a AACB e a empresa PEC Nordeste, através da plataforma digital “Carnes da Montanha”, com o apoio da Câmara de Ourique, para a comercialização da carne desta raça.
“Para a região e para os produtores esta parceria foi importante”, afiança António Aires, adiantando que o projeto já permitiu um volume de negócios de “cerca de 100 mil euros”.