Marcelo Guerreiro. “Ourique é cada vez mais procurado por quem procura qualidade de vida”

Em entrevista ao “CA”, presidente da Câmara de Ourique faz ponto de situação sobre investimentos planeados pela autarquia e revela que o município tem hoje “contas equilibradas” e “uma gestão rigorosa”.

O socialista Marcelo Guerreiro diz ainda que a habitação é uma das apostas da autarquia, para fixar mais jovens e famílias no concelho.

O orçamento da Câmara de Ourique cresceu 3,5 milhões de euros em 2022, com diversas obras em perspetiva, nomeadamente a requalificação da Escola Básica 2,3/ Secundária (EB 2,3/S). Já tem ideia de quando arrancam as obras?

Em breve, acautelando as condições alternativas para que o essencial processo educativo não seja perturbado durante as obras. Em Portugal, temos um problema sério de desfasamento entre a decisão política e a concretização das ideias, projetos ou iniciativas. Neste caso tivemos que encontrar financiamento, superar as burocracias e estamos agora em condições de começar uma obra importante para o concelho. Onde outros preferiram protestar, nós procurámos soluções.

 Qual a importância desta empreitada para a Educação em Ourique?

Tudo o que seja melhorar as condições de aprendizagens das nossas crianças e jovens e gerar melhores condições para os professores e todos os que trabalham nas comunidades educativas é importante para Ourique. Aliás, não é por acaso que Ourique assumiu há muito competências descentralizadas na área da Educação. Estar próximo é o primeiro passo para compreender e resolver melhor. A requalificação da EB 2,3/S é uma obra muito importante para Ourique.

A Câmara de Ourique quer construir um novo Centro Empresarial, tendo já adquirido um terreno para o efeito. Em que ponto está o projeto?

O terreno já é propriedade do município, estamos a trabalhar no projeto e a identificar fontes de financiamento. A revisão do PDM abriu novas possibilidades de valorização das dinâmicas da nossa economia local e para melhorar o acolhimento de novos projetos empresariais, associados ou não ao potencial do nosso Mundo Rural. Esta é uma prioridade política e uma necessidade para o modelo de desenvolvimento que queremos para a nossa terra, acolhendo a iniciativa, criando oportunidades de emprego e gerando riqueza.

Quais serão as áreas de negócio “prioritárias” para este Centro Empresarial? A indústria ligada à pecuária estará na “linha da frente”?

Naturalmente a valorização do nosso Mundo Rural é uma preocupação, mas não excluímos nenhuma área de negócio que tenha preocupações de sustentabilidade, eficiência energética e acrescente valor à nossa economia local. Todos os projetos credíveis, sustentáveis e com mais valias para Ourique e para quem cá vive serão bem-vindos. E, para além das necessidades atuais, já existe procura.

“Não há capacidade de fixação e de valorização das dinâmicas da comunidade sem reforço da oferta de habitação a preços que os jovens e as famílias possam pagar.”

Que investimentos serão realizados em 2022 no âmbito da Estratégia Local de Habitação?

Tudo faremos para dar grande prioridade à concretização das iniciativas de habitação que identificamos e que foram acolhidas pelo Governo. Não há capacidade de fixação e de valorização das dinâmicas da comunidade sem reforço da oferta de habitação a preços que os jovens e as famílias possam pagar.

Em que medida esta aposta na área da habitação é fundamental para o futuro de Ourique?

A habitação faz parte das condições de fixação dos jovens e das famílias. Podemos ter oferta de emprego e serviços essenciais, mas se não houver habitação, as pessoas não ficam por cá. E neste campo temos necessidades imediatas e desafios que se colocam para um futuro em que julgamos existirá uma pressão para haver respostas nestas áreas, na vila e no resto do território. O nosso território é cada vez mais procurado por quem procura qualidade de vida.

Qual o ponto de situação do projeto do novo Centro de Saúde?

Este é mais um dos projetos em que a burocracia e o mercado se sobrepuseram à nossa vontade política. Ourique não tem resgatado meios para apoiar o SNS nas respostas de proximidade e as instituições que procuram responder a uma população dispersa e envelhecida que tem todo o direito a ter atenção e cuidados de saúde. Por nós, o Centro de Saúde já estaria construído, depois de termos mobilizado financiamento central e disponibilizado o terreno. Os concursos ficaram desertos, esperamos solucionar de vez o problema com o novo Governo.

Acredita que este projeto pode dar passos significativos na nova legislatura (2022-2026)?

Tudo faremos para que possa ser uma realidade. No que depender de nós será. É preciso melhores condições para melhores cuidados de saúde, estando o município disponível para continuar a apoiar a construção de soluções de proximidade para o acesso aos cuidados de saúde dos ouriquenses.

Como descreve a atual situação financeira da Câmara de Ourique? O “monstro” desapareceu?

Ourique tem contas equilibradas, uma gestão rigorosa e capacidade para aproveitar todas as oportunidades do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030, o novo quadro comunitário de apoio. É fundamental ter esta capacidade de honrar os compromissos com quem dá o seu melhor no município, como funcionário, e com os nossos fornecedores, mas poder ter recursos para suportar as componentes nacionais de alguns projetos apoiados pela União Europeia. Na incerteza que marca os nossos dias, como no tempo da pandemia, ter capacidade de responder de forma própria é fundamental.

O concelho de Ourique é abastecido pelo Monte da Rocha. Em que medida a atual seca (e o baixo volume da albufeira) preocupa a Câmara Municipal?

A seca é sempre uma preocupação, porque se traduz em riscos para o abastecimento de água para o consumo humano, para as atividades rurais e para os ecossistemas. Nada está em situação de rutura, mas devemos ter uma preocupação constante de uso racional da água como bem escasso essencial para os seres vivos. Tudo o que podermos fazer para a poupar é positivo. Tudo o que pudermos fazer para gerar sustentabilidade no futuro, face às alterações climáticas, é fundamental.

 Espera que a ligação Monte da Rocha-Alqueva, via Roxo, seja concretizada dentro dos prazos anunciados?

Sem dúvida! É uma exigência estratégica de sustentabilidade para o sul do Baixo Alentejo, que nos possibilitará novas oportunidades agroalimentares, que devem ser assumidas com equilíbrio, boa utilização da água e sentido de futuro. A chegada da água do Alqueva à barragem do Monte da Rocha será sempre uma boa notícia para Ourique. É um imperativo nacional cuidar de todo o território. Este é um investimento estratégico que acrescenta sustentabilidade e valor ao país como um todo. É importante gerar novas oportunidades. Vejo sempre com desagrado alguns “iluminados” que olham para o Alentejo sempre para dizer o que não devemos fazer – no uso da água do Alqueva, como noutras questões –, sem nunca se preocuparem com a criação de alternativas para a vida das pessoas e passa os territórios. Há muito mais vida além do espaço urbano ou dos media.

“[Ligação Alqueva-Monte da Rocha] é um investimento estratégico que acrescenta sustentabilidade e valor ao país como um todo.”

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Correio Alentejo

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