Incertezas sobre o aeroporto de Beja motivam criticas de autarcas baixo-alentejanos

Incertezas sobre o aeroporto de Beja motivam criticas de autarcas baixo-alentejanos

Para os presidentes das câmaras de Beja e Ferreira do Alentejo não há margem para dúvidas: o Governo está a tratar o aeroporto de Beja de forma “desastrosa”, “sem noção nem conhecimento da realidade” e, por outro lado, com uma “total e preocupante falta de vontade política”.
A opinião partilhada por Jorge Pulido Valente e Aníbal Reis Costa, autarcas socialistas cujos concelhos estão directamente ligados ao projecto, está muito distante daquela que é expressa ao “CA” pelo líder distrital do PSD, Mário Simões. O deputado avisa que o Governo “ficou com o bebé nos braços” e faz notar que “ainda não foi tornada pública qualquer abordagem sobre o futuro” da infra-estrutura.
Apesar deste deve e haver da política, a verdade é que o aeroporto abriu as portas há quase um ano, teve poucos voos, não atraiu empresas ou oficinas para se fixarem na periferia e, neste momento, continua sem ter a indispensável certificação da pista. Pior do que tudo isto, a não inclusão do projecto no Plano Nacional de Transportes foi a “gota de água” que inflamou os ânimos dos responsáveis regionais.
“Encarou-se o aeroporto de forma muito leviana e como um mero ‘devaneio despesista’ do anterior Governo”, considera Aníbal Reis Costa, visivelmente agastado com o caminho que o processo está a tomar: “Penso que verdadeiramente existem interesses ‘regionais’ instalados em Lisboa e Faro que tudo farão para que o aeroporto de Beja não vingue. A região tem que conjugar esforços e unir-se em torno deste projecto que é um pilar fundamental para o seu futuro”, afirma.
Na mesma linha de raciocínio, Pulido Valente queixa-se da “total e preocupante falta de vontade política e de interesse em dar continuidade à estratégia que tem vindo a ser desenvolvida em torno” do aeroporto de Beja. E, apesar de compreender o atraso na certificação da pista, considera que chegar a esta data sem que a mesma esteja concluída “não é aceitável” porque, advoga, “há muito que se sabia que para a sua obtenção era imprescindível um conjunto de obras que só agora estão a ser feitas”.
Neste aspecto, também Aníbal Reis Costa manifesta alguma tolerância com o atraso registado, embora avise que a demora na certificação da pista “não pode ser o pretexto para nada se fazer”. Já o deputado social-democrata, Mário Simões, garante que, a par da certificação da pista, “muito pouco há de compreensível num projecto aeroportuário que os socialistas anunciaram e oficializaram no ano 2000”. E, de forma enigmática, garante que “um dia destes” iremos “ficar a saber porque demora tanto certificar as pistas da Base Aérea nº11.”
Dando sempre nota negativa à acção do anterior Governo neste processo, Mário Simões também não deixa de fora a ANA, enquanto concessionária da infra-estrutura. E garante que “o problema está na administração” dessa empresa que, segundo acusa, “tem gerido o processo de Beja como algo que foi obrigada a receber mas que nunca desejou”.
Entre as diferentes responsabilidades, umas assumidas outras não, sobressai a evidente incerteza sobre o futuro do aeroporto. E neste ponto, Aníbal Reis Costa parece aglomerar numa única posição aquilo que verdadeiramente está em causa: “Ou há vontade política em avançar-se para o quarto aeroporto de Portugal continental… ou não! A região deverá ter conjugadamente uma palavra a dizer”, desafia o autarca, num óbvio apelo à unidade em torno do projecto.

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Correio Alentejo

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