Quase a deixar a lideração da Federação do Baixo Alentejo do PS, Pedro do Carmo faz ao “CA” o balanço de oitos de mandato, marcados por diversas vitórias eleitorais. “São oito anos positivos, intensos e com uma sustentada determinação em defender a nossa terra, onde quer que seja, a partir dos critérios que importam: as nossas gentes e as nossas terras”, sublinha Pedro do Carmo, que acrescenta: “Em suma, saio com o sentimento de dever cumprido”.
Que balanço faz destes oito anos como presidente da Federação do Baixo Alentejo (FBA) do PS?
Julgo que conseguimos conjugar a ambição, o trabalho e a obtenção de resultados positivos que são uma boa base para o novo Baixo Alentejo, ainda mais afirmativo, mais sustentável e com uma renovada esperança na construção de soluções para os problemas estruturais e para os novos desafios, do regadio às alterações climáticas. Em conjunto, com os militantes e com os muitos independentes que contribuíram para este caminho de afirmação do PS no Baixo Alentejo, concretizámos um posicionamento político único. Foram muitas horas, quilómetros e encontros para mobilizar o partido, construir uma relação de confiança com as populações e gerar soluções credíveis para a gestão das autarquias locais. Muito foi conseguido, mas, pelos passivos acumulados e pelas novas realidades, há sempre ainda muito por fazer. São oito anos positivos, intensos e com uma sustentada determinação em defender a nossa terra, onde quer que seja, a partir dos critérios que importam: as nossas gentes e as nossas terras. No que dependia de nós foi quase tudo feito, no que dependia de outras geografias ainda há caminho a fazer. Em suma, saio com o sentimento de dever cumprido. Fiz tudo para afirmar o PS na região, colocando esta sempre em primeiro lugar. Os baixo-alentejanos são a nossa força. Tudo isso nunca esquecendo a Democracia, a Liberdade e a diversidade de opiniões dentro dos órgãos do partido.
Um líder deixa sempre a sua marca. Qual é a marca que sente que deixa na FBA?
É possível fazer política com proximidade e coerência em Beja e em Lisboa, sentido de construção de soluções, sem nunca deixarmos de sermos nós próprios. Genuínos como a nossa identidade, as nossas gentes e o nosso território. Focados no essencial da intervenção cívica e política, com noção das disponibilidades e compromisso para a concretização. Sim, é possível fazer, fazer mais, porque, no Baixo Alentejo, temos identidade, potencial e resiliência!
Nestes oito anos, consegue eleger o momento mais marcante?
É difícil… Foram muitas vitórias, algumas conquistas importantes para o Baixo Alentejo e um trabalho intenso de muitas e de muitos que contribuíram para uma enorme força positiva que posicionou o PS como o principal partido do Baixo Alentejo, nas autarquias e em eleições nacionais. Um misto de oportunidade e de responsabilidade que procuramos honrar com trabalho e defesa de soluções viáveis para a região. Diria que a última vitória autárquica, como corolário do trabalho realizado, é provavelmente o momento mais marcante do nosso trabalho conjunto, mas o reforço da representação parlamentar também foi relevante para os desafios que temos pela frente. O caminho que percorremos ensina-nos a importância de manter a determinação na defesa das nossas ideias, de um exercício político com proximidade e da procura de respostas para as pessoas. Podemos nem sempre conseguir e não o conseguimos ainda em alguns pontos do território do Baixo Alentejo, mas temos de manter a ambição que vai ser possível resolver, mobilizar e ganhar. Não posso também esquecer a eleição da lista de candidatos a deputados pelo círculo eleitoral de Beja nas últimas Legislativas, que tive a honra de encabeçar e que foi eleita pela Comissão Política Distrital por unanimidade com voto secreto em urna.
Deixa a presidência da FBA tendo o PS a liderança de 10 das 14 autarquias da região. Há condições para o PS manter este quadro nas eleições de 2021?
O trabalho que realizámos foi o de concretizar uma base para novas soluções, novas dinâmicas e novas conquistas. É fundamental manter uma relação de proximidade, de construção sustentada de soluções e de dinamização de novas oportunidades. O contexto da pandemia e das suas consequências económicas e sociais confirmará a importância de manter uma relação de confiança com as pessoas, de atenção aos territórios e de compromisso nacional para mobilizar recursos para a superação dos problemas estruturais, a valorização do nosso potencial rural e a construção de um futuro sustentável. Com união, foco e sintonia com as pessoas, temos de ter ambição de ir ainda mais longe no posicionamento do PS no Baixo Alentejo. Portugal e a Europa precisam de reajustar a capacidade produtiva para estarem melhor preparados para situações extremas, de emergência como a que estamos a atravessar. O Baixo Alentejo tem um papel nesse impulso de aprendizagem da pandemia, nomeadamente com o nosso Mundo Rural. Prova disso é o trabalho extraordinário desenvolvido pela CIMBAL e por todas as outras associações e empresas intermunicipais, que são hoje uma referência na gestão, na organização e no contributo que estão a dar para o desenvolvimento da região, ao contrário do que aconteceu no passado, em que estavam ao serviço de outros interesses e não da região.
Qual será o grande desafio do próximo presidente da FBA?
No PS não há desafios de uma mulher ou de um homem só. O Baixo Alentejo conjuga tantos passivos acumulados de desatenção e de falta de investimento de vários governos, novas realidades e um enorme potencial que só conseguirão ser enfrentados, com resultados positivos, se puderem contar com o contributo de todos, com memória, com noção do presente e com sentido de futuro, sempre com o foco nas pessoas e nos territórios. Há um sentido de união que existiu e que deverá continuar a existir para ampliarmos as condições políticas e eleitorais para trabalharmos nos diversos patamares que contam para a concretização de soluções para os problemas e as ambições das populações do Baixo Alentejo.