O presidente da Câmara de Almodôvar, falou ao “CA” sobre os desafios que se colocam ao concelho, assim como sobre as inúmeras obras que a autarquia tem em desenvolvimento ou pretende concretizar. “Em curso temos obras na ordem dos dois milhões de euros. E as que estão para ser lançadas vão ser cerca de mais dois milhões”, revela o socialista António Bota.
Qual o maior desafio que o concelho de Almodôvar tem pela frente?
Almodôvar – e toda a região – tem pela frente um desafio que é a fixação de pessoas! O nosso distrito e estas regiões mais longe do litoral têm grandes vantagens que podem ser diferenciadoras, seja pelos produtos que têm, pela qualidade de vida ou pela marca que deixam na vida das pessoas… No entanto, temos um grande problema – que é o maior de todos – que é a fixação de pessoas.
E como se resolve?
Naturalmente que não existe uma fórmula infalível, caso contrário não existiria este problema. Mas tem que haver um dinamismo constante e apoio social às comunidades. Penso que esta é uma das chaves para fixar pessoas: garantir às pessoas que temos apoios para as famílias, para os estudantes, para os seniores, apoios que ajudem a ultrapassar momentos menos bons e as dificuldades da vida… E naturalmente que não se fixa ninguém sem empregos. Portanto, outro dos grandes desafios é a criação de emprego. Para fixarmos pessoas temos que ter empregabilidade. E para isso temos de criar condições e ter eventos que tragam pessoas ao concelho, para dinamizar o turismo – que é um alicerce fundamental do desenvolvimento. Um outro dilema que temos em matéria de emprego é criar condições para que empresas se instalem. Ou seja, apoio ao micro-empreendedorismo e à proliferação de pequenas empresas, apoio para que os jovens se lancem em ideias inovadoras…
A Câmara de Almodôvar tem apostado nessa área do empreendedorismo?
Desde há dois anos que apostamos nessa área. Vamos lançar também, neste ano ou no próximo, a obra de uma plataforma logística na zona de Gomes Aires, junto à auto-estrada (A2), que relança o futuro de Almodôvar. É uma obra que peca por ser tardia! Já estamos atrasados, pelo menos, 15 anos nesta área do empreendedorismo e do apoio às empresas. Também criámos um programa de apoio ao empreendedorismo que tem sido um sucesso, mas precisamos de ter mais inovação nesse programa. Por isso parámos agora um pouco, para repensar o programa e criar novos alicerces. E a Cultura é um outro alicerce do desenvolvimento económico…
Cultura associada ao turismo?
Exactamente! A oferta que temos em termos museológicos, em termos de história, daquilo que é e que foi Almodôvar, pode traduzir-se em economia. Também pela criação de eventos no concelho para que as pessoas nos visitem, criando um marketing territorial que vá ao encontro dos nichos de mercado que queremos encontrar e estando presentes em feiras e outros certames, onde possamos mostrar que Almodôvar existe e que somos um concelho diversificado e com muito potencial.
Sente que o Turismo é o sector que pode permitir a criação de emprego mais rapidamente?
O sector do Turismo é muito importante e a Câmara Municipal tem de fazer o seu papel, que é criar eventos e fazer a promoção do concelho. Mas trazer turistas ao nosso concelho não depende só da Câmara! Depende também de um trabalho de todos os operadores locais, ou seja, os restaurantes, os hotéis, e as pessoas que fazem e vendem produtos de Almodôvar. Os agentes locais têm que fazer o seu papel. E é importantíssimo que percebam que, por exemplo, ter um restaurante fechado a um domingo ou num sábado em que há um evento na vila é dos piores retratos que podemos dar ao turista. Mas este trabalho de sensibilização junto dos nossos comerciantes e hoteleiros está a ser feito.
Em que ponto se encontra o projecto do Museu do Pão?
Foi um projecto que não foi possível concretizar nestes quatro anos, mas esperamos neste mandato conseguir pô-lo de pé ou, pelo menos, edificar as suas premissas principais. É um projecto que vai trazer um grande balanço a Almodôvar e à região, em conjunto com outros projectos de índole privada que estamos a potenciar.
O que vai mesmo avançar é a nova plataforma industrial e logística em Gomes Aires, perto da A2. Haverá obras já este ano?
Se for aprovada por fundos comunitários, é obra para se iniciar ainda em 2018. Se não for aprovada, será iniciada em 2019-2020.
Qual é o valor do investimento?
É significativo… Deve ultrapassar os três milhões de euros. Queremos que seja um investimento com qualidade e com capacidade de receber empresas que, por sua vez, tenham capacidade de empregar. Ou seja, não será uma zona industrial idêntica à que temos em Almodôvar, mas uma plataforma logística com cerca de 6,5 hectares que permitirá receber empresas que se queiram instalar no concelho, que tragam emprego e outras empresas-satélite.
A Câmara de Almodôvar tem no terreno uma série de outras obras…
Temos em fase de conclusão o Parque de Auto-caravanismo junto à EN2. Também em curso a construção de armazéns e oficinas municipais, a requalificação urbanística de Aldeia dos Fernandes e a requalificação do recinto desportivo da EB1 de Almodôvar. Temos para iniciar ainda neste mês de Abril a beneficiação da estrada que liga o Mú a São Barnabé, a requalificação urbanística do centro de Santa Clara-a-Nova. E temos para lançar durante 2018 a construção de uma nova ETAR em Santa Cruz e a requalificação urbanística do Rosário ao longo da EN2. Lançámos também um programa de apoio aos desempregados de longa duração, estamos em fase de lançamento de uma Equipa de Intervenção Permanente nos Bombeiros Voluntários de Almodôvar, lançámos um programa de apoio aos nossos jovens e temos uma candidatura feita ao Portugal 2020, que ultrapassa os 500 mil euros, para a promoção da ‘marca Almodôvar’ e de todos os seus produtos… Portanto, estamos a trabalhar continuamente.
Nessas obras mais de “betão”, qual o valor total do investimento da autarquia?
Em curso temos obras na ordem dos dois milhões de euros. E as que estão para ser lançadas vão ser cerca de mais dois milhões. Também em fase muito adiantada está o lançamento da construção de uma nova creche em Almodôvar, que vai permitir aumentar o apoio à família. Será um investimento na ordem dos 700 mil euros, a lançar no início de 2019, que se tudo correr bem será um forte alicerce para o desenvolvimento social de Almodôvar.
Tudo isto parece deixar transparecer uma autarquia com saúde financeira. É assim de facto?
É verdade! O Município de Almodôvar tem-se pautado por pagar as suas contas a tempo e horas, mas temos as nossas dificuldades porque houve um enorme atraso com os fundos comunitários, em que estivemos praticamente quatro anos sem poder efectuar candidaturas. E grande parte das obras – porque não parámos de fazer obra – não foram passíveis de ser candidatadas. Logicamente que isso diminuiu a “almofada financeira” do Município. No entanto, isso foi compreendido pelos almodovarenses, que nos deram um voto de tão grande confiança em termos eleitorais, e não parámos de fazer as obras que foram necessárias ou o trabalho social que foi necessário fazer.
O recebimento, pela primeira vez, da Derrama da Somincor em 2017 ajudou a fazer face à indisponibilidade de fundos comunitários?
Foi, primeiro que tudo, uma grande vitória para os cidadãos de Almodôvar, porque era uma grande injustiça que estava a ser cometida. E só foi possível devido à boa vontade dos ministros envolvidos no assunto, que tiveram boa vontade política para reconhecer que havia uma falha na distribuição desses valores. Sobre a questão se isso nos ajudou financeiramente… Esses cerca de 40 mil euros não foi muito dinheiro, mas foram muito bem-vindos.
Na área da Saúde, Almodôvar continua a ter muitos problemas?
Existe neste momento uma situação mais estável. Penso que a resposta existente está entre os 80 a 90% em termos de serviço de médicos no concelho e também nas extensões de Saúde. Penso que estamos bem e não nos podemos queixar. É certo que há sempre lugar a melhorias, mas neste momento aquilo que temos serve mediamente as necessidades de Almodôvar.
Qual foi o “segredo” para vitória retumbante que obteve (e o PS) nas Autárquicas 2017 em Almodôvar?
Não foi segredo, foi trabalhar para as pessoas. Ouvir, escutar, estar próximo. Não ter pretensões de fazer grandes obras, mas ter pretensões de servir grandes causas. Estivemos constantemente próximos das pessoas, apoiámos as associações, apoiámos a Cultura, apoiámos os grupos corais, a iniciação de novas associações com espírito inovador – como a escola de dança ou a escola de ciclismo. Por outro lado, não parámos e trabalhámos continuamente. E trabalhamos continuamente! E existiu também algum desacerto do lado da oposição.