As convulsões políticas e sociais causadas pela “Primavera Árabe”, conjugadas com o forte apelo da terra, levaram Francisco Parreira a conseguir o que para muitos era impensável: conseguir que a multinacional francesa Pronal deslocalizasse o investimento que tinha na Tunísia para o concelho de Aljustrel. E foi assim que em 2015 arrancou o projecto da Strucflex/ Pronal, conhecida entre os aljustrelenses como “a fábrica da borracha” e que recebeu no final de Julho a visita do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.
“Sempre disse que ia haver uma revolução” na Tunísia, observa Francisco Parreira. “E quando a empresa decidiu encerrar a fábrica que lá tínhamos e mudá-la de sítio pensei: tem de ser na minha terra. E foi”, conta a sorrir este aljustrelense de 60 anos, que é o director de produção de todo o grupo Pronal e gere a fábrica que a empresa tem na Herdade da Mancoca, a pouco mais de meia dúzia de quilómetros de Aljustrel.
Emigrante há 46 anos, Francisco Parreira trabalha há 44 na Pronal, subindo a pulso na cadeia hierárquica da empresa. Nas últimas duas décadas ajudou a montar as fábricas que o grupo abriu na Tunísia (entretanto encerrada) e na Malásia, e formou milhares de colaboradores. A Pronal é a sua vida e é isso que o faz sentir um orgulho tremendo por poder estar a desempenhar estas funções no sítio onde nasceu.
“É uma honra estar na minha terra, com o meu povo. Há 20 anos que queria fazer isto”, confidencia Francisco Parreira, satisfeito, sobretudo, por o projecto em Aljustrel estar a ser um sucesso. “A fábrica surgiu de um dia para o outro, mas até hoje tem corrido muito bem”, diz, para logo elogiar o esforço da autarquia local para que a multinacional francesa investisse em Aljustrel. “Têm sido espectaculares”, diz.
Com décadas de história, o grupo Pronal produz artigos em borracha que depois comercializa em todo o mundo nas áreas da aeronáutica, defesa, ambiente, indústria mecânica e combustíveis. Depósitos para água, hidrocarbonetos ou azoto/ ar (que podem armazenar até um milhão de metros cúbicos de material), almofadas para levantar grandes pesos, colchões para suster paredes em casos de derrocada, suportes industriais para garrafas de vidro ou peças para plataformas petrolíferas são alguns dos artigos que a Pronal comercializa para toda a Europa, EUA, Ásia e África.
Grande parte destes artigos são produzidos na fábrica de Aljustrel, onde a empresa já investiu perto de dois milhões de euros e as cerca de 80 pessoas que lá trabalham actualmente (grande parte mulheres e todos com formação específica) produzem uma média de 200 peças por semana.
“O material segue todo para França, para exportação. Mas também já vendemos alguns produtos directamente para Portugal”, conta Francisco Parreira. “Estamos no bom caminho, é preciso é haver encomendas”, acrescenta com satisfação Francisco Parreira, deixando desde logo uma garantia: a Pronal está para ficar em Aljustrel, daí ter nos seus planos mais obras no armazém.
“Queremos fazer idêntico ao que estamos a fazer em França: fazer os produtos e enviar logo para os clientes, assim como criar um gabinete de estudos para fazerem as plantas que actualmente fazemos na Tunísia. E ambicionamos trazer para Portugal a produção de 70% dos produtos que a Pronal faz: neste momento temos 40%”, conclui Francisco Parreira.
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