Uma questão de cultura

Vítor Encarnação

Há palavras que pela sua utilização repetida e quotidiana perdem o seu real significado e banalizam-se. Transformam-se em meros títulos, noções enviesadas, conceitos confusos. A palavra cultura é uma delas.
Quando essa falácia acontece, quando a génese da palavra é adulterada, é preciso ir à sua raiz e repor a verdade através de um exercício de lógica.
A palavra cultura não pode, sob pena de a nossa identidade ruir, significar um produto moderno, global e descartável. Igual em todo o lado, coisa indistinta e luminosa que mais não faz do que entreter.
A palavra cultura, no seu espírito e na sua prática, tem alicerces fortes porque ela está ligada à terra. E aqui, sublinhe-se, reforce-se, não se duvide, terra tem um duplo significado. Por um lado a terra-solo, por outro lado a terra-localidade. Ambas útero, ambas princípio das nossas gentes, da sua maneira de ser, de pensar e de criar.
E em ambos os casos, na terra-solo ou na terra-localidade, os cultivadores devem lavrar a rotina, preparar a terra, revolver o seu passado, perceber a sua história, conservar as suas tradições e descobrir a matriz da existência comunitária.
Depois de percebidas as potencialidades da terra em que nascemos há que semear objetivos claros e depois há que fertilizar essa mesma terra diariamente através da acção e do entusiasmo. Os frutos aparecerão a seu tempo.

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