Muita gente gosta do habitual calor de Verão, porque se refresca nas águas do mar e dos rios, não tendo de sofrer o suor das ruas do interior, nas ocupações e trabalhos do dia-a-dia. Pois este ano aconteceu o contrário. Muita gente não aguentou o vento frio e regressou a casa antes do termo das férias. As nossas aldeias puderam celebrar as suas festas com maior participação das suas gentes.
Os políticos e comentadores deram-nos algum descanso mental e as televisões andaram de terra em terra, em múltiplos festivais e concursos, dando quase a impressão que a crise e os problemas tinham chegado ao fim. Mas isso foi só aparência. Pois, na verdade, a confusão e o descalabro do nosso sistema económico e financeiro continuam a surpreender políticos e analistas, como se verificou com o recente colapso do grupo Espírito Santo, que levou à criação de um novo banco, apelidado de bom, à custa de uma injecção enorme de dinheiros emprestados, e de um banco mau, que ficou com os créditos mal parados e os negócios fraudulentos e obscuros. Nem os mais entendidos sabem onde tudo isto vai parar. Oxalá os políticos de boa-fé não tentem tapar a mente dos portugueses à caça dos votos nas próximas eleições.
Apesar da fuga de capitais, da impunidade aparente dos envolvidos nas trapalhadas económicas e financeiras, ainda há quem parece não ser afectado pela crise. O futebol continua a investir ou gastar milhões em negócios de jogadores e os dérbis enchem as bancadas dos grandes estádios. Outrora como hoje, o futebol parece fazer esquecer os reais problemas do país e das famílias.
No mês de Agosto as nossas aldeias encheram-se de festa e de pessoas de todas as idades, enquanto nos restantes meses do ano ficam quase desertas, sem a alegria das crianças e dos jovens, pois muitos casais novos e jovens emigraram para países com economias mais florescentes e carentes de mão-de-obra.
Na peregrinação a Fátima dos dias 12 e 13 de Agosto, muito frequentada por emigrantes, o presidente da celebração, D. António Francisco, bispo do Porto, dizia que “a falta de trabalho desumaniza e coloca em perigo o futuro de um país. Por isso afirmava que Portugal não pode esquecer que sem os emigrantes de ontem não era o país que hoje é e sem os emigrantes de hoje não consegue vencer a crise que tem vivido”.
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