Estão muito em voga os grupos de apoio a alguma coisa e contra outra. Aqui no nosso Alentejo temos um dos maiores, que é a favor do Aeroporto de Beja e contra o Aeroporto do Montijo. Para evitar qualquer mal-entendido, também eu estou completamente a favor do aproveitamento do Aeroporto de Beja, libertando os de Faro e de Lisboa do excesso de tráfego que apresentam diariamente. Inclusive esta infraestrutura poderá mesmo receber voos que inicialmente teriam como destino Sevilha. Também é a minha opinião que os muitos milhões que se irão gastar no Montijo poderiam ser utilizados em obras essenciais para o país, além de prejudicar (e muito) a fauna e flora da referida zona.
Mas desta vez venho propor algo diferente. A criação do “Grupo de Apoio à Construção da Barragem da Camacha”. Só. Sem ser contra nada, a não ser o desperdício de água que todos os anos (aqueles em que chove) se perde para o mar devido à inexistência de uma infraestrutura que sirva de armazenamento a essa mesma água que tanta falta nos faz nos meses de estio. Esta barragem, tão desejada como essencial, poderá vir a resolver, ou no mínimo, atenuar, todos os problemas que, ano após ano, quer os autarcas da região, quer principalmente as populações, sistematicamente sofrem com a sua escassez.
Este grupo, movimento, ou outro nome que lhe queiram dar, terá que ser uma conjugação de esforços. Por parte das forças vivas da região, desde autarquias, CCDRA, associações de agricultores, associações de caçadores e, principalmente, um esforço conjunto de todos os habitantes dos concelhos limítrofes, pois a água é um bem essencial e sem ela a vida acabará por desaparecer. Até hoje temos assistido a um “David”, a Câmara de Almodôvar, por intermédio do seu presidente, a lutar contra um “Golias”, o Governo. Precisamos urgentemente que outros se juntem a esta luta. E refiro-me essencialmente aos concelhos que mais poderão beneficiar desta infraestrutura, os concelhos de Castro Verde, Mértola e Alcoutim.
Até hoje (e se for o caso, aqui mesmo me penitencio) só a voz de Almodôvar, através de António Bota, se fez ouvir. Nem António José Brito, nem Jorge Rosa, nem mesmo Osvaldo Gonçalves fizeram ouvir a sua voz em defesa da construção da barragem da Camacha. Barragem esta que, a ser construída, será de enorme importância para os referidos concelhos.
Nada contra a barragem da Rocha, pelo contrário. Esta foi, é e sempre será uma infraestrutura essencial, mas todos sabemos que a sua capacidade de armazenamento é insuficiente para os fins que lhe destinaram. Uma futura construção da barragem da Camacha irá libertar muita dessa capacidade para outros fins, como o regadio , o turismo, etc., das suas zonas limítrofes.
Isto tudo, se aliado à adiada ligação de Alqueva a esta barragem, poderá promover uma nova vida para as populações que dela dependem.
Sabemos que muitos poucos fazem muito. Por mais que nos queiram dizer que não, a conjugação de vontades, de esforços, a união de sinergias, a resiliência demonstrada na persecução dos nossos objetivos, tudo junto podem levar a que consigamos os nossos propósitos. Vamos, todos juntos, câmaras, associações, forças vivas dos concelhos e, principalmente, as populações que irão ser beneficiadas, apelar ao nosso Governo que viabilize a construção desta barragem. Até poderá nem ser para nós. Mas as gerações vindouras irão agradecer-nos. Para evitar a desertificação do nosso Alentejo.
O Autor utiliza o
novo acordo ortografico.